Sou trabalhadora do Município do Salvador. Orgulhosa que sou dessa condição de servir ao povo de nossa cidade, mantenho conduta ilibada e compromisso diário com minhas atribuições.
No ano de 2006, tive a grata confiança de ser convidada a compor a equipe da Secretaria Executiva do Conselho de Municipal de Saúde de Salvador. E me encontrei enquanto pessoa e cidadã.
Trabalhar na saúde municipal é uma honra gigantesca para mim. Ver a mudança na vida de pessoas que buscam atendimento na rede pública é algo que impulsiona meu trabalho e que faço com dedicação. Quero ver diariamente essa transformação por meio do zelo e cuidados com a saúde da pessoa humana. E motivada por esse sentimento, escolhi ser Enfermeira. Tive a certeza de que fiz a escolha certa para meu presente e futuro profissional.
Quantos desafios enfrentei para alçar a condição de secretária desse Colegiado? Foram inúmeros percalços e momentos de tristeza, mas por outro lado, incentivada pela força de ser mulher negra e pobre resolvi vencer na vida, buscando aprimoramento constante. Mudanças de gestores e novas diretorias executivas reconheceram o meu trabalho sempre realizado com afinco e dedicação.
Dito isto, no ano de 2008, assumi a Secretaria Executiva do Conselho Municipal de Saúde de Salvador, onde trabalho com empenho, respeitando a cidade e seus munícipes, e mais, os nossos nobres conselheiros e conselheiras que integram o colegiado. Essa missão de auxiliar cidadãos no controle social é uma experiência sensacional e inesquecível. Vivo com intensidade essa jornada.
Infelizmente, escrevo essas palavras com lágrimas, após retornar de uma licença médica, motivada pelo desconforto que senti ao ser humilhada, ameaçada e desqualificada em minha condição profissional, de gênero e de raça por um indivíduo que não poderia integrar um colegiado, que tem como proposta defender direitos de cidadania.
Fui vítima da atitude machista e constrangedora do senhor Pedro Reis Paixão Gonçalves, conhecido politicamente como Pedro “Pirajá”, representante da UNEGRO, que diante de todo o Pleno do Conselho de Saúde, tentou macular minha imagem profissional. Com gritos, gestos e expressões grosseiras e extremamente agressivas quis desqualificar minha condição de Secretária Executiva do Colegiado, alegando que sou incompetente no cumprimento das atribuições que a função exige. Foram palavras ofensivas e humilhantes que causaram-me repúdio e que devo rechaçar de imediato.
Sou mulher e exigo apenas reciprocidade no trato, pois respeito todos independente de sua condição social, de gênero, cor ou outra natureza. O histórico de episódios envolvendo esse senhor em situações de agressões, ameaças e conflitos é conhecido no âmbito dos colegiados de defesa da saúde.
Repudio veementemente a atitude grosseira desse senhor e tomarei providências urgentes para garantir meus direitos e imediata reparação dos danos causados à minha dignidade de mulher, profissional, negra e pessoa humana. De certo que os demais conselheiros e conselheiras não comungam do mesmo pensamento nutrido por esse senhor.
Dói ser atingida pela covardia e pela mentira. Sim, dói demais e não sei nem mesmo expressar minha dor. Não apenas pela ofensa pessoal, mas pelo sonho e desejo de uma sociedade que não seja machista, reacionária, lgbtfóbica, misógina e que negue direitos. Espero que vivamos em uma sociedade que nutra uma cultura de paz e não violência, onde interesses individuais e de pequenos grupos não sejam maiores que a vontade coletiva.
JAQUELINE ALMEIDA
Secretária Executiva do Conselho Municipal de Saúde de Salvador