Feridas continuam abertas no Chile, 45 anos após golpe militar

Foto: AFP / CRIS BOURONCLE

As feridas deixadas pelo golpe militar no Chile, que completa 45 anos nesta terça-feira (11), continuam abertas. As Forças Armadas resistem a abrir seus arquivos, e o poder econômico e político dos defensores da ditadura seguem presentes, enquanto as vítimas pedem justiça. Em 11 de setembro de 1973, as Forças Armadas – Marinha, Força Aérea, Exército e Carabineiros (Polícia) – cometeram o golpe militar que levou ao suicídio do presidente socialista Salvador Allende no bombardeado Palácio de La Moneda. A ação pôs fim ao governo da Unidade Popular, a primeira coalizão marxista eleita nas urnas na América Latina. A polarização da sociedade, a dura crise econômica e a ingerência dos Estados Unidos em um contexto de Guerra Fria garantiram o terreno para o sucesso do golpe militar que abriu caminho para 17 anos da sangrenta ditadura do general Augusto Pinochet. Foram mais de 3.200 mortos e 38.000 torturados, entre eles, a ex-presidente e atual comissária dos Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet.

A decisão de três juízes da Suprema Corte de conceder a liberdade a sete violadores dos direitos humanos na ditadura de Pinochet (1973-1990), em julho passado, colocou em pé de guerra familiares das vítimas e políticos de esquerda, que apresentaram uma acusação constitucional por “notável abandono de deveres”. Para eles, os magistrados descumpriram as normas estabelecidas pela comunidade internacional para crimes de lesa-humanidade. A Câmara dos Deputados se pronunciará nesta sexta-feira sobre o destino dos juízes, cuja decisão deflagrou um confronto sem precedentes nos quase 30 anos desde a recuperação da democracia entre o Poder Legislativo e o Judiciário. A renúncia do ministro da Cultura, Mauricio Rojas, em agosto passado – apenas dois dias depois de assumir o cargo por qualificar como “montagem” o Museu da Memória -, continua polarizando uma direita condescendente (quando não defensora) a respeito do legado de Pinochet e de uma esquerda que clama por justiça para as vítimas.

Segundo a presidente da Associação de Familiares de Executados Políticos (Afep, na sigla em espanhol), Alicia Lira, há mais de 1.500 casos abertos ainda sem resposta das Forças Armadas. E foi com o objetivo de virar a página deste período negro do país que Alicia considera que a “Concertación”, coalizão de centro esquerda que assumiu o poder em 1990, “negociou a democracia com Pinochet”. Falecido em dezembro de 2006 sem ser condenado, Pinochet se manteve como comandante em chefe das Forças Armadas e depois senador vitalício. (AFP)

Sobre Mathias Jaimes

Mathias Ariel Jaimes ( DRT 5674 Ba ) , é CEO do site #TVServidor e sócio-proprietário da agência de comunicação interativa #TVS1 . Formado em publicidade na Argentina. Estudou artes plásticas na Universidade Federal da Bahia. MBA em marketing e comunicação estratégica na Uninassau. Aluno do professor Olavo de Carvalho, Curso Online de Filosofia, desde 2015.

Leia também!

Prefeitura de Lauro de Freitas participa de evento para fortalecer educação municipal

Com o objetivo de fortalecer a educação no município, a Prefeitura de Lauro de Freitas, …