Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Salvador, a vereadora Marta Rodrigues (PT) cobrou da Prefeitura ações emergenciais nas periferias e nas áreas onde se concentra a maior população negra da cidade. De acordo com a parlamentar, dados mostram que há um enorme contraste, consequência da desigualdade racial e social, entre quem testa positivo para a Covid-19 e quem, de fato, morre pela doença. De acordo com Marta, o boletim epidemiológico da Prefeitura, publicado dia 30 de junho, aponta que é nas áreas da Prefeitura-Bairro da Barra/Ondina onde se tem mais casos da doença. No entanto, é no Subúrbio Ferroviário onde mais se morre. A região assistida pela Prefeitura-Bairro da Barra/Ondina tem taxa de incidência de 1.198 a 1.305 por 100 mil habitantes, enquanto no Subúrbio é de 762 a 871. “Mas quando falamos de mortes é nesta última região onde acontece o maior número de óbitos, com taxa de incidência em 500 a 597 por 100 mil habitantes. Já na região da Barra, Ondina e Pituba, a incidência de letalidade é 395 a 463”, diz a vereadora.
Para Marta, o recorte mostra que é preciso intensificar as ações de políticas públicas, sociais e de campanha no Subúrbio e em demais bairros periféricos, “que precisam ser foco, uma vez que é onde concentra maior número de negros, os que apresentam as principais comorbidades que agravam a doença”
Recorte total – Outro recorte do boletim mostra que os negros em Salvador estão sendo as vítimas que mais morrem. “Dos óbitos confirmados em Salvador, 79% ocorreram entre a população que se declara como negra e parda, 6% na população branca, 0,4% ‘amarela’ e 0,1% indígena”, relata a legisladora. Marta lembra que, desde o início da pandemia, diversos pesquisadores já alertavam para a fragilidade das periferias e do povo, em sua maioria formada de negros, que apresentam em maior índice populacional as comorbidades que agravam a doença, causando a morte.
“Por isso apresentei projeto para que a Prefeitura e a Secretaria de Saúde busquem equidade na atenção à saúde do povo negro, tenham um olhar diferenciado para a maioria da população soteropolitana. E, além disso, notifique a cor e raça nas vítimas da Covid-19, pois vamos precisar urgentemente estabelecer políticas públicas para essa população, durante e após a pandemia”, declarou. O projeto pede, ainda, notificação obrigatória dos casos de Síndrome Respiratória Aguda (SRAG) e população em vulnerabilidade.