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As luzes se apagaram e os alto-falantes começaram a tocar hard rock em um volume ensurdecedor. Dez mil fãs aplaudiam fervorosamente quando, de repente, uma imagem gigantesca de um leão rugindo, cercado por chamas, iluminou a tela. Era a cena de um show de rock? Não, era um comício político em Buenos Aires, com a entrada triunfal de Javier Milei, o candidato libertário à presidência da Argentina, que promete transformar o país com suas políticas radicais.
A emoção dos fãs se intensificou quando Milei saltou no palco, vestido com uma jaqueta de couro e gritou: “Eu sou o leão, eu sou o rei em um mundo perdido!” Sua chegada ao palco foi tão impactante que o comício, realizado em agosto, ainda é lembrado como o dia em que o libertário de cabelos desgrenhados conquistou de vez o coração dos argentinos.
Nas primárias “gerais” que aconteceram em 13 de agosto, Javier Milei surpreendeu o país ao obter 30% dos votos, mais do que qualquer outro candidato. Sua mensagem de mudança e seu carisma conquistaram uma nação que há muito tempo anseia por estabilidade econômica.
A inflação anual da Argentina é de 116%, a terceira mais alta do mundo, atrás apenas de Venezuela, Zimbábue e Líbano. Os argentinos estão cansados dos controles de capital que tornam quase impossível comprar dólares legalmente, da inflação que devora suas economias e dos impostos que levam muitas empresas a operar na clandestinidade.
É nesse cenário de instabilidade que Milei surge como uma lufada de ar fresco. Com uma retórica contundente, ele promete revolucionar a economia argentina. Seu “plano motosserra” inclui a dolarização da economia, o corte de gastos, a suspensão dos controles de moeda e preços e a eliminação do Banco Central.
Apesar de algumas propostas controversas, como proibir o aborto e permitir que os argentinos portem armas livremente, Milei conquistou os eleitores principalmente por seus ataques contundentes a outros políticos. Antes de se tornar deputado em 2021, Milei era consultor e professor de economia, e sua personalidade explosiva lhe rendeu uma legião de seguidores.
Milei chegou ao cenário político em um momento propício. A Argentina foi mal administrada por governos de esquerda durante grande parte das últimas duas décadas, e os argentinos anseiam por mudança. Se Milei conseguir transformar sua popularidade em votos nas eleições presidenciais de 22 de outubro, ele pode muito bem ser a resposta às preces dos argentinos.
No entanto, o caminho para a presidência ainda é incerto. Ele terá que competir com outros candidatos fortes, como Patricia Bullrich e Sergio Massa. Se Milei não conseguir pelo menos 45% dos votos no primeiro turno, as eleições irão para um segundo turno em novembro, onde tudo pode acontecer.
Enquanto isso, Milei segue rugindo como um leão nas campanhas, conquistando cada vez mais adeptos. Seu aniversário de 53 anos coincide com a primeira rodada das eleições, e, se vencer, ele terá a difícil tarefa de reconstruir um país destruído. Resta saber se o “leão” libertário será capaz de rugir alto o suficiente para trazer a mudança que a Argentina tanto deseja.
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