
As apostas esportivas estão em plena expansão no Brasil e já provoca impactos no bolso do consumidor, com comprometimento do orçamento familiar e endividamento. A ideia de que é possível enriquecer rapidamente com apostas pode fazer com que passem a depender financeiramente dos jogos, levando ao esgotamento de recursos sem retorno financeiro real. Os Impactos são amplificados em comunidades de menor poder aquisitivo, onde a busca por ascensão social ou alguma autonomia financeira muitas vezes motiva o envolvimento com esse tipo de prática.
Professor do curso de Economia na Universidade Salvador (UNIFACS), Moisés Conde alerta para os impactos econômicos e sociais desse fenômeno, principalmente entre os grupos de menor renda. “No curto prazo, mais dinheiro gasto em apostas poderá dificultar a compra de alimentos e cuidados com a saúde. Essa mudança na forma como compramos as coisas pode aumentar a probabilidade de ficarmos devendo dinheiro, o que pode causar mais dívidas e problemas financeiros”, alerta o economista.
O especialista lista algumas estratégias para minimizar os impactos das apostas esportivas na renda familiar: criar um orçamento que inclua limites claros para gastos com entretenimento e lazer para evitar que as apostas comprometam recursos essenciais; informar a todos os membros da família sobre os riscos associados às apostas, promovendo uma visão crítica sobre essa prática, e discutir abertamente sobre as finanças familiares para promover um ambiente de transparência e responsabilidade.
Legislação – No ano passado, entrou em vigor a Lei 14.790/23, que regulamenta as apostas esportivas on-line. Ela tributa empresas e apostadores e define regras para a exploração do serviço, além da partilha da arrecadação. O texto legalizou as apostas de cota fixa, conhecidas como bets. A lei também determinou que as empresas fiquem com 88% do faturamento, enquanto 2% sejam destinados à Contribuição para a Seguridade Social e 10% distribuídos entre as áreas de saúde, educação, esporte, segurança pública e turismo.
Para o professor da UNIFACS, que integra a Ânima Educação, a redução dos efeitos negativos, porém, deve ser feita através de políticas econômicas e educacionais. Ele diz que a educação financeira pode ensinar desde criança sobre como lidar com dinheiro, enquanto campanhas de conscientização podem alertar sobre os perigos de jogar demais e desperdiçar muitos recursos em apostas. Outra medida necessária é a criação de regras para controlar anúncios de apostas, especialmente para crianças.
Dados – O mercado de apostas já movimenta bilhões de reais e, segundo um estudo da PwC Brasil, o setor poderá alcançar um montante de R$ 130 bilhões em 2024, o que representará 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. No ano passado, esse montante ficou entre R$ 67,1 bilhões e R$ 97,6 bilhões.
O aumento das apostas entre as classes de menor renda já é uma realidade no país. Os dados da PwC mostram que os jogos já representam uma parcela significativa dos gastos desses grupos – o equivalente a 76% das despesas com lazer e cultura ou 5% do que gastam com alimentação.
No estudo “Mercado da maioria”, feito pela PwC em parceria com o Instituto Locomotiva, foi constatado que parte do dinheiro que 52% dos consumidores costumavam aplicar na poupança para poupança ou em atividades de lazer como bares, restaurantes e delivery para 48% dos consumidores, é agora destinado para as apostas.