
A deputada Gleisi Hoffmann, presidente do PT, direcionou duras críticas aos maiores veículos de mídia do país neste domingo, alegando que eles estariam “frustrados” com a ausência de anúncios sobre os ajustes fiscais que, segundo ela, seriam uma pressão dos “donos da mídia” sobre o governo Lula. Gleisi argumenta que os jornalistas estariam tentando forçar sacrifícios em áreas como saúde, educação e aposentadorias, favorecendo uma agenda “neoliberal” supostamente imposta pelo governo anterior, mas que não se alinha ao atual governo.
A presidente petista ainda defendeu que a “economia real” demanda mais crédito e investimentos, não a pressão por juros altos e o controle rígido do câmbio, que ela acredita estar na mira dos mercados e seus “porta-vozes na mídia”.
A análise de Gleisi, no entanto, tem sido vista como uma inversão da realidade. A verdade é que a instabilidade fiscal pressiona o Banco Central a elevar os juros, o que afeta diretamente a vida dos trabalhadores e aposentados que ela afirma defender. Ao centrar o discurso na oposição ao ajuste fiscal, Gleisi e o governo Lula se veem em uma estratégia de defesa que, para muitos analistas, tem mais a ver com a preservação dos votos do PT do que com a proteção da população. Esse foco excessivo em evitar reformas importantes, que muitos economistas apontam como necessárias para o Brasil sair da crise, pode se voltar contra o próprio partido.
Para críticos, a postura de Gleisi, repetindo discursos contra o “neoliberalismo” e buscando confrontar a mídia e o mercado, é um reflexo da dificuldade do PT em enfrentar as exigências fiscais do país.
Nos bastidores, há quem questione até quando essa retórica terá eco fora do núcleo petista. Com um discurso que se recusa a reconhecer a gravidade da situação fiscal, o PT pode acabar deixando escapar o apoio popular que tenta assegurar.
O uso de narrativas de “defesa dos oprimidos” contra uma suposta agenda do mercado se mostrou uma tática, para muitos, já ultrapassada, especialmente quando comparada com o atual cenário econômico brasileiro. Gleisi, sem dúvida, fala com a anuência de Lula, mas o efeito prático dessa linha de comunicação parece estar cada vez mais em xeque.