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Já é Carnaval em Salvador e o clima de agitação política já esquenta no meio político. Além da inovação e da evolução da festa através da intervenção dos Executivos estadual e municipal na cidade que vai receber milhares de turistas, a capital baiana vira palco das atenções também pela disputa por parte dos políticos locais. O Carnaval será acompanhado de perto pelo prefeito ACM Neto (DEM) e o governador Rui Costa (PT) que terão papel fundamental nas eleições em 2018. A folia baiana já mostra antecipadamente um ambiente de um cenário de disputa política com vistas às eleições estaduais do ano que vem.
Uma suposta falta de integração entre os poderes em relação a organização do Carnaval já provocam agitação e disputa no meio político.
Mesmo antes do Carnaval, a política baiana vem sendo palco de disputas entre o prefeito ACM Neto e o governador Rui Costa em torno das especulações sobre as eleições estaduais em 2018 ao governo do Estado.
Todas as vezes que é perguntado pela imprensa sobre uma possível candidatura ao governo do Estado nas eleições em 2018, ACM Neto se esquiva ao dizer que não pensa nisso no momento, uma vez que seu foco é na gestão a frente da Prefeitura de Salvador. Mas, o que se especula é que Neto pode sair para disputa à sucessão estadual para Bruno Reis assumir como prefeito da cidade. A dúvida está sobre quem iria ocupar o cargo de vice-prefeito de Salvador, já que é muito provável a candidatura de Neto ao governo, e, a confirmação de sua licença do cargo, faria do atual vice o futuro prefeito de Salvador.
Esta dúvida perpassa pela base governista de Neto quando analisa a atual conjuntura política. Com Bruno Reis na retaguarda prestes a assumir à prefeitura em caso de ACM Neto entrar na disputa pelo governo do Estado, o PMDB, que é o maior entre os partidos aliados ao democrata, garante uma projeção política, o que agregaria e consolidaria a possível candidatura de Neto como uma condição irreversível contra a candidatura à reeleição do atual governador Rui Costa.
As decisões que envolvem uma possível candidatura de ACM Neto ao governo do estado em 2018 vão passar sobre as escolhas que irão definir a chapa para a disputa eleitoral em 2018.
A disputa à sucessão estadual em 2018 pode ganhar uma forte injeção de ânimo durante e após o Carnaval e alterar o cenário político em que atualmente está definido para o pleito o governador Rui Costa, se ACM Neto entrar na briga ao governo do Estado e passar quatro anos no Palácio de Ondina. Se confirmado, o fato de Neto ser candidato a governador chega no contexto da disputa como um vento politicamente saudável em favor do democrata. Primeiro porque entra no campo de enfrentamento eleitoral um político de cabeça arejada, que parece não estar contaminado pelos vícios e ranços da velha prática; e depois porque é um vencedor, adjetivo apropriado pelo que vem realizando não apenas como político pelos bons resultados eleitorais, mas principalmente como gestor à frente do Executivo Municipal com bons resultados de uma gestão eficiente que tem colocado Salvador novamente na rota do crescimento e do desenvolvimento para o futuro da cidade e de sua população.
Se vier mesmo a se lançar como candidato a governador da Bahia, o prefeito ACM Neto entrará na briga com alguns recursos que podem fazer diferença e colocá-lo em posição bem situada se vencer a disputa política que será travada contra o atual governador Rui Costa. O primeiro deles, é claro, a condição de um prefeito bem sucedido politicamente e administrativamente falando, podendo, com isso, atrair um caminhão de votos da população baiana para o democrata. Neto pode também montar um grupo bem armado de apoio na Câmara Municipal, já que entrou no Palácio Thomé de Souza com um quadro que ali construiu boas relações, podendo contar com a força de grandes aliados da política estadual com o apoio dos deputados da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), e no âmbito municipal, com o apoio do atual presidente da Câmara, vereador Leo Prates (DEM), entre outros vereadores que compõem a base do prefeito no Legislativo Municipal.
No leque de recursos que podem embalar sua possível candidatura, ACM Neto, que é de uma família com história e notoriedade política desde o seu avô, o senador Antonio Carlos Magalhães, já falecido, é bem visto no meio político, principalmente, pela população de quem conquistou respeito como político e como gestor público ao assumir a Prefeitura, à época, falida, que hoje anda com as próprias pernas no caminho do crescimento e desenvolvimento em benefício da cidade. Dispõe aí de um amplo ambiente para interlocução e ampliação do seu raio de ação política e com desdobramentos eleitorais. ACM Neto tem bom trânsito no meio politico, e entre o democrata e o petista Rui Costa, nenhum tem estatura comparável à de Neto na seara política, especialmente, administrativa. Nesse particular, o prefeito se movimenta como uma espécie de mandarim, respeitado e admirado como político e administrador público que estimula com sua forma moderna de fazer política e gestão na cidade que inspira os mais próximos e achegados ao democrata.
Se confirmado candidato à disputa ao Estado, ACM Neto está no meio de uma guerra travada e acirrada contra o governador Rui Costa, em que os aliados de Neto devem se engajar ao possível futuro projeto do democrata pela sucessão e entrar na disputa para tirar a prova dos noves contra o atual governador nas urnas. Se entrar nessa guerra, Neto pode atropelar o atual governador e os petistas, já que o possível projeto de disputar o governo estadual amedronta o governador Rui Costa e os aliados ao gestor petista. Nesse caso, o caminho mais seguro para Neto sair candidato ao governo do Estado será aproveitar o bom momento como político e como gestor com união e com a força política dos seus aliados, sem o risco de perder a estabilidade e a sustentação política que o levará a esse destino. Esse é o caminho que pode levar Neto a consolidar o seu possível projeto político rumo ao Estado.
ACM Neto sabe que se entrar na disputa majoritária o fará sem a mola do favoritismo e nem diante de uma posição confortável. Isso significa dizer que terá de construir, palmo a palmo, a estrada em direção ao Palácio de Ondina e enfrentando um candidato considerado de peso como o governador Rui Costa, que já age na tentativa de ameaçar e enfraquecer o democrata com situações políticas e administrativas constrangedoras durante o Carnaval, mas isso não intimida Neto.
Os dois gestores já têm protagonizado algumas polêmicas durante o Carnaval de Salvador. Um exemplo disso foi o mal entendido sobre o arrastão da meia-noite com Carlinhos Brown na Barra-Ondina que levou o governo a reclamar de que não planejou o efetivo da Policia Militar para a “novidade”. “O que é surpresa não conheço. Não sei se o secretário de Segurança Pública está ciente. O que peço sempre, e vou insistir nessa tese, é que a gente consiga fazer um planejamento antes”, disse o governador em entrevista à imprensa em seu camarote oficial na noite de quinta-feira.
Sem titubear, o prefeito rebateu o que disse o governador Rui Costa: “Eu deveria avisar o que? É um trio a mais dentro do horário já previsto no desfile da terça feira. Não estamos inovando nada. Eu não tenho culpa de a gente ter ideias bacanas e criativas e estar mexendo no Carnaval de Salvador. Temos que pensar o futuro da festa, quem manda o que e quem faz o que, isso é uma bobagem”, disse o prefeito.
Além do desentendimento sobre o arrastão com Carlinhos Brown, outra polêmica gira em torno da publicidade das marcas de cervejas Skol – Ambev pela prefeitura de Salvador e da Skin pelo governo do Estado nos circuitos do Carnaval de Salvador.
No caso da retirada da publicidade pela Secretaria de Ordem Pública (Semop), que apreendeu temporariamente um carregamento de refrigerantes e cerveja da marca Schin que estava sendo levado ao camarote oficial do governo do estado, no Campo Grande.
Antes disso, a Secretaria de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) apreendeu faixas de publicidade irregulares espalhadas ao longo da festa, entre as quais, as do governo do estado, que estavam junto aos portais da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Em ambos os casos houve a devolução dos produtos e materiais.
Rui Costa chegou a dizer que pediria a abertura de um inquérito para averiguar a responsabilidade sobre o dano no equipamento do Estado. O prefeito respondeu ao dizer que não vai entrar em polemicas.
À noite, a Sedur emitiu nota informando que a ação cumpriu Decreto 12.642, que prevê “que a colocação de qualquer anúncio ou engenho publicitário na cidade deve ser precedida de alvará”.
A nota diz, ainda, que entre o material apreendido estavam as faixas do governo “sem alvará e em desconformidade com a legislação municipal”. Mas que “no caso da SSP, por se tratar de um orgão público e de interesse social, as faixas foram devolvidas”.
No início da tarde, um carregamento de produtos Schin que seriam levados para o camarote de Rui foram apreendidos. O secretário de Ordem Pública, Marcos Vinicius, explicou que existem regras de descarga e de marca da cervejaria nos circuitos.
O descarregamento teria sido realizado após às 10h e em local irregular, no meio do circuito, o que fere o decreto municipal sobre restrição de outra marca no circuito que não seja a oficial, Skol.
“Quando soubemos que era do governador, o prefeito foi sensível, pois a operação não sabia de quem eram as cervejas, e tudo foi devolvido”, disse.
O Espaço de Cinema Itaú Glauber Rocha e o Belvedere da Sé foi também alvo de richa entre os dois. Neto enviou à Câmara um projeto revogando a cessão desses imóveis ao estado mas o governador Rui Costa (PT) disse que o estado não vai abrir mão do patrimônio.
Rui disse que não foi procurado pela prefeitura. “Acho que isso não pode ser feito de maneira unilateral. Mandei levantar toda a parte jurídica. Isso será tratado pelas procuradorias, e eventualmente na Justiça, porque não tivemos contato da prefeitura para falar desse serviço”, disse.
O prefeito ACM Neto (DEM), que curtia a folia do camarote oficial da prefeitura na noite de quinta, disse que não quer polemizar sobre ações de sua administração e que deve tratar da questão na quinta-feira, após a quarta de cinzas.
“Eu não entendo essa fixação sobre a minha pessoa. Estou na minha, continuarei na minha, tranquilo. Sei meu dever com Salvador. Temos pautas muito mais importantes sobre as quais o governo do estado devia estar mais preocupado em tratar do que brigar por bobagem. Vou me debruçar sobre isso após o Carnaval”.
Esses pormenores políticos e administrativos durante a maior festa de rua do planeta não devem atingir ou tirar o brio político de Neto, que que já disse algumas vezes que vai se dedicar em promover “o maior Carnaval do planeta e de todos os tempos”. O democrata pode alcançar e deslanchar a liderança nas pesquisas pré-eleitorais de intenção de votos na disputa a sucessão estadual em 2018. É um grande desafio formado por vários obstáculos, que pode levá-lo a um bom desempenho na sua incipiente mas até agora bem sucedida caminhada política e como gestor público. Mas para quem já foi eleito o “Melhor Prefeito do Brasil” e destacado como um dos melhores gestores do país com base no resultado dos primeiros quatro anos de gestão, o desafio de chegar ao governo do Estado é como um campeonato em que vence quem souber agitar, articular e movimentar melhor politicamente falando.
Rafael Santana com informações do A TARDE
