
Para a vereadora Marta Rodrigues, vice-líder do PT na Câmara de Salvador, os recuos do governo no texto final da reforma da Previdência constituem tentativas de manipular a opinião pública.
“O governo ilegítimo fez alterações superficiais na reforma da Previdência que nem de longe são aceitáveis. É uma tentativa de manipular a opinião pública, no entanto, o texto final continua atendendo apenas o empresariado e os banqueiros, pois não engloba a realidade da população pobre, rural e das mulheres”, acredita.
“Mudar de 49 para 40 anos o tempo mínimo de contribuição para a aposentadoria integral continua a ser um absurdo. O deputado está equivocado ao dizer que o texto final atende os mais pobres, uma vez que ele não tem nenhuma medida para os ricos e para os banqueiros. Está tudo nas costas do trabalhador”, disse a petista, em resposta ao relator do projeto, deputado federal Arthur Maia (PPS).
Maia disse em entrevista à Tribuna que as alterações tornaram a matéria mais justa para atender os mais pobres. “Quando falamos manter a idade do ruralista, significa atender uma classe extremamente sofrida.
Quando falamos em fazer uma distinção para que o BPC continue vinculado ao salário mínimo é atender as pessoas com deficiência, ou o idoso que não contribuiu em nenhum momento e tenha direito a pelo menos um salário mínimo. Então lutei muito para que de um lado o projeto dê sustentabilidade à Previdência e de outro garanta o salário dos mais pobres. Acho que conseguimos de fato vencer essa luta ao elaborar esse projeto.
“Vamos votar na Comissão e posteriormente no plenário. Espero que o Congresso não falte e dê ao Brasil uma reforma para garantir que a aposentadoria dos brasileiros continue a existir”, defende.
Ainda na avaliação do deputado, as alterações realizadas no projeto não representaram uma derrota para o Planalto. “Se formos entender uma alteração que um Congresso faz democraticamente em um projeto do Executivo como derrota, estaremos negando a democracia. Estaremos negando uma criação extraordinária do constitucionalismo, que é ter poderes harmônicos e independentes. Em que um poder envia um projeto e o outro aprimora. Me recuso a chamar isso de derrota”, disse.
De acordo com Marta, a pressão popular, por meio das manifestações de rua, e de parlamentares da oposição, tem sido importante para pressionar o governo. “A pressão popular está assustando os deputados da base e essas alterações foram uma forma de diminuir a pressão de Temer. Mas não atende nem de longe às reivindicações da população. Continuaremos na rua contra essa reforma da Previdência, a Lei da Terceirização e Reforma Trabalhista. São projetos completamente elitistas. Um retrocesso de nossas conquistas”, completa.
Fonte: Tribuna da Bahia