
Em sessão ordinária na Câmara Municipal na tarde desta terça-feira (4), a grande maioria dos vereadores não quis utilizar a tribuna para se manifestar sobre a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima na noite de segunda-feira (3) e silenciaram sobre o assunto no plenário da Casa. O clima e agitação dos parlamentares foram o que mais chamou atenção durante a sessão na tarde de hoje.
As reações diferentes dos parlamentares no plenário da Casa ocorrem um dia após a prisão preventiva do ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, na segunda-feira (3), pela Polícia Federal em Salvador no âmbito da Operação Cui Buono?, que investiga supostas práticas criminosas na liberação de créditos e investimentos por parte de duas vice-presidências da Caixa. No pedido enviado à Justiça, a PF e o Ministério Público Federal sustentam que Geddel tem agido para atrapalhar as investigações. O objetivo seria evitar que o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o próprio Lúcio Funaro firmem acordo de colaboração. A prisão foi decretada a partir dos depoimentos do operador Lucio Funaro e do empresário e delator Joesley Batista no âmbito da Cui Bono e atende a pedido da Polícia Federal e da Força-Tarefa Greenfield – que é também responsável pelas operações Sépsis e Cui Bono. Geddel foi transferido para Brasília na madrugada desta terça-feira (4), e está detido na Superintendência da Polícia Federal.
O líder do governo, vereador Henrique Carballal (PV), disse que o fato de Geddel ter sido preso preventivamente não significa culpa. “O ex-ministro Geddel foi preso ontem por obstrução de justiça fruto de uma investigação quando ele era vice-presidente de pessoa jurídica da Caixa Econômica Federal no governo de Dilma Rousseff, ou seja, do governo em que o governador Rui Costa era o principal beneficiário”, disse ao rebater o discurso do líder da oposição na Câmara, vereador José Trindade (PSL), aliado do governador Rui Costa.
Sem assunto
No plenário, os vereadores ficaram agitados sobre o fato, que até pediram verificação de quórum na tentativa de evitar o assunto e encerrar a sessão antes do horário previsto.
Quando questionado sobre os ataques da oposição na tentativa de associar a proximidade e a relação do prefeito ACM Neto com Geddel diante da prisão do ex-ministro, o líder do prefeito na Câmara criticou a postura, classificou o fato como “desespero” dos adversários e saiu em defesa de Neto. “É uma tentativa desesperada em função do alto índice de popularidade do prefeito e da construção cada vez maior do prefeito ACM Neto como alternativa da população ao desastroso projeto do governador Rui Costa. Isso é o desespero. Quando uma pessoa próxima ao prefeito é presa e, circunstancialmente hoje, é preciso que nós respeitemos ao direito de defesa e a presunção de inocência. O que a gente vê é que para eles, pimenta nos olhos dos outros é refresco. No momento em que respinga o molho de pimenta na mesa onde o prefeito está tomando café da manhã é esse escarcéu. Não tem cabimento. Eu estou a cada dia que passa me surpreendendo mais com a irracionalidade de alguns que se dizem fazer a política, pois o que eu estou vendo ai é uma palhaçada. Isso ai é sem pé nem cabeça”, afirma Carballal.
Carballal reforça que o prefeito ACM Neto já havia declarado em nota que é preciso aguardar os desdobramentos dos fatos e a manifestação da defesa do ex-ministro para se fazer juízo de valor acerca do episódio envolvendo o ex-ministro Geddel Vieira Lima. “Nesta hora, quando as informações são muito preliminares, prefiro não antecipar nenhum juízo de valor até que tudo seja devidamente esclarecido”, disse Neto em nota.
Diante da prisão de Geddel, o vereador Carballal reagiu a posição dos oposicionistas ao fazer ataques ao governador Rui Costa. “O governador Rui Costa, inclusive, é investigado de cabo a rabo por um conjunto de irregularidades vinculado ao Ministério das Cidades também na época da ex-presidente Dilma Rousseff. Tentar vincular essa situação é um desespero. Por outro lado, é muito ruim a gente ver vereadores que fazem parte da sustentação política do governador Rui Costa e do Partido dos Trabalhadores que sofrem um cerco do Ministério Público Federal, da Justiça, que eles alegam de que essa é uma perseguição política e que essa perseguição política está desqualificando o processo e levando, portanto, a uma inversão de valores na sociedade, que está fragilizando as instituições democráticas, quando são presos pessoas ligadas a eles, até porque lá tem mais de dois times de futebol, aliás, tem um campeonato inteiro de gente ligada ao governador Rui Costa que está presa”, dispara Carballal.
Rafael Santana