
A base do governo do presidente Michel Temer acredita que conseguirá garantir votos pelo arquivamento da nova denúncia contra o mandatário do país, que envolve também os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Temer passou o domingo reunido com ministros para traçar a estratégia na Câmara sobre a tramitação da denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República. Nesta segunda, o vice-líder do governo, o deputado Beto Mansur (PRB-SP) revelou que as três defesas devem chegar à CCJ na quarta-feira (4).
As contas do governo para impedir que a denúncia contra o presidente por obstrução a Justiça e organização criminosa siga ao Supremo Tribunal Federal (STF), no entanto, estão mais apertadas do que em relação à primeira denúncia. Mansur ressalta que se espera angariar na CCJ o mesmo número de votos – 41 – pelo arquivamento, a quantidade de votos que teve o relatório de Paulo Abi Ackel (PSDB) na primeira denúncia.
Desta vez, pesam principalmente alguns partidos que saíram da situação e migraram para a oposição e também a questão do PSDB, que liberou a bancada. O PSDB, partido do relator, o deputado Bonifácio de Andrada, está também dividido entre parlamentares que continuam fieis ao governo e outros que romperam com Temer.
O centrão mantém também a denúncia em aberto, porque muitos parlamentares desta fatia no Congresso andam descontentes com o governo pela insistência em manter quatro ministérios sob gestão do PSDB. Interlocutores do centrão revelam o descontentamento exatamente porque, juntos, são capazes de entregar mais votos pelo arquivamento do que os tucanos.
“São os cabeças-pretas que votarão contra o relatório de Bonifácio”, alfineta Mansur, em relação aos integrantes do PSDB contra o governo. O deputado ainda repudia a tentativa da ala descontente do PSDB que quiseram impedir que Bonifácio fosse o relator. “É um desserviço à nação. Ele é tataraneto do patriarca do Brasil (José Bonifácio), uma figura com história na vida pública. Tem saber jurídico e esta na casa há muito tempo”.
Fonte: Estadão Conteúdo/Jornal O Estado de São Paulo