
Apesar de ter se manifestado contra a proposta de as eleições proporcionais se darem por meio de lista fechada (modelo pelo qual o eleitor votaria no partido, que indicaria seus candidatos) quando era deputado federal, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), agora ver a possibilidade de rever sua posição ao deixar transparecer ser favorável ao modelo proposto, embora não tenha dito isso explicitamente. Em entrevista coletiva ontem, no lançamento do edital do Selo Literário João Ubaldo Ribeiro – Ano II, no Teatro Gregório de Mattos, o democrata disse que quer “ver o debate avançar um pouco mais”. “Eu, como parlamentar, nos momentos em que estive no Congresso, votei contra. Só que eu acho que muita coisa aconteceu na política do Brasil nos últimos 10 anos. Então eu não faço nenhum embargo ao debate, e a depender de como isso esteja estruturado, eu posso até apoiar. Só que prefiro aguardar o desenrolar dessa discussão para que quando ela estiver mais madura, se for o caso, se for chamado, poder opinar”.
De forma geral, ACM Neto avalia que o Congresso Nacional não pode mais adiar a reforma política, e citou como prioridade a necessidade de uma solução para o financiamento das campanhas eleitorais. Ele defendeu que a sociedade deve ser ouvida antes de qualquer decisão por parte dos deputados e dos senadores.
“O Congresso precisa de qualquer jeito discutir o financiamento de campanha. Eu levei a minha opinião. Eu acho que essa discussão não pode ficar apenas nas paredes do Poder Legislativo. É preciso envolver a sociedade. É preciso estabelecer uma forma de ouvir a opinião da população e falar com clareza. Mostrar que é preciso ter um sistema de financiamento das campanhas, que hoje não se tem, não é suficiente para uma eleição geral, como vai acontecer no próximo ano. Agora, que não deve ser fruto de uma escolha apenas dos congressistas. Precisa passar por uma legitimação com a sociedade. É preciso perguntar se a população quer sistema de financiamento público ou privado”, defende Neto.
Eleições em 2018
O prefeito de Salvador voltou a negar a possibilidade de deixar o cargo nas eleições de 2018 para ser candidato a vice-presidente da República numa possível chapa a ser encabeçada pelo tucano João Dória, prefeito de São Paulo. ACM Neto disse que fica “honrado” com a especulação, mas negou que haja o mínimo de realidade. “Quem não ficaria (honrado)? Agora, daí você imaginar que isso vai acontecer, aí são outros 500”, ressalta.
Reforma da Previdência
O prefeito ACM Neto manifestou-se também sobre outra pauta polêmica em tramitação na Câmara dosa Deputados, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) por meio da qual o presidente Michel Temer propõe a reforma da Previdência Social. Favorável à proposta, ele defendeu a alteração no projeto original para excluir os servidores estaduais e municipais do regime geral.
“Se eu estivesse no lugar dele (Michel Temer), eu faria a mesma coisa. Por que o que é que a gente estava vendo? Prefeitos e governadores sem querer se posicionar. Alguns até, e temos exemplos aqui muito próximos, criticando e contestando a reforma da Previdência e, no entanto, torcendo para que o Congresso aprove para sair bem na foto política. Não ter o ônus de defender a matéria, mas, depois, ter o benefício do alívio nas contas públicas. Está errado. Cada um que assuma a sua posição claramente. Então, se eu fosse presidente da República, teria feito exatamente a mesma coisa. Os governadores que quiserem fazer as reformas das suas previdências estaduais farão, os prefeitos que quiserem fazer, farão”, disse o prefeito de Salvador, durante entrevista coletiva no Teatro Gregório de Mattos.
Fonte: Tribuna da Bahia