
O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), diz que vai se manter “isento” sobre a situação delicada de Michel Temer, apontado em delação premiada de empresários do frigorífico JBS como articulador de um movimento para manter calado o ex-deputado Eduardo Cunha, seu correligionário, já cassado e preso no âmbito da Operação Lava Jato.
ACM Neto não quis também emitir posição se defende eleições diretas ou indiretas para escolher um novo presidente, no caso de Temer renunciar ou ser destituído do cargo. Mas de forma sutil, ao defender a Constituição, o democrata se mostra a favor de eleições indiretas, por meio das quais o próprio Congresso escolhe um novo presidente para concluir o governo em curso (até 31 de dezembro de 2018).
“Me parece que a Constituição Federal é clara no sentido de estabelecer as regras de escolha do próximo presidente, caso o atual não permaneça. Agora, eu acho que é um momento que exige cautela, cuidado e atenção. Eu não vou ficar especulando se deve ser assim ou assado.
Quem tem que dizer isso é o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, caso haja qualquer coisa com o atual presidente. Tenho procurado me manter muito reservado, como eu fiz ao longo do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Ninguém ouviu uma manifestação minha nesta ou naquela direção, exatamente pelo meu dever de ser prefeito da cidade do Salvador. Esse dever cabe a quem está em Brasília. Aos parlamentares, aos membros do Poder Judiciário, e não a mim como prefeito de Salvador”, disse ACM Neto em entrevista coletiva após inaugurar uma pista marginal à Avenida Paralela ontem.
No caso de Temer cair, teoricamente quem assume o Palácio do Planalto é o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). Teoricamente porque ele também é investigado pela Lava Jato. Juristas e especialistas afirmam que neste caso, a presidência passa a ser exercida pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia. ACM Neto admite, apesar de negar envolvimento no assunto, que tem conversado com Rodrigo Maia e demais lideranças do Democratas.
“O Democratas tem conversado permanentemente. Eu estive em Brasília novamente nesta semana, estive na semana passada também. Eu tenho conversado dentro do partido, tenho conversado com as lideranças. O Democratas é um partido que tem responsabilidade. E mais do que isso, o DEM tem hoje o presidente da Câmara dos Deputados, que é o próximo na linha sucessória. É mais ainda exigido do Democratas uma postura de cautela e de bom senso com a estabilidade do país”.
Fonte: Tribuna da Bahia