
O panorama da violência contra a mulher na infância e na juventude foi debatido em audiência pública, na tarde de terça-feira (12), na Câmara Municipal de Salvador. O debate, intitulado “Toda Maria foi Menina”, reuniu no auditório do Centro de Cultura representantes dos poderes públicos, entidades e da sociedade civil, que pautaram o combate à cultura do machismo.
A audiência teve início com a apresentação de Celina Silva de Almeida, presidente da Fundação Lei das Marias, que declamou a letra de “Lanterna dos Afogados”, dos Paralamas do Sucesso, para ilustrar o que viria a ser discutido. Em seguida, a gestora e organizadora do evento chamou atenção para o tema. “A violência contra a mulher não começa na vida adulta. Na maioria das vezes ela reincide na fase adulta, porque já existe um histórico”, salienta.
Representante da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, Maria Auxiliadora Alves afirmou que a pasta possui duas diretorias de atenção à violência contra o gênero – que atendem mulheres, crianças e adolescentes. Dentre os projetos da pasta, ela destacou o que prevê a criação da Escola sem Machismo, que desenvolverá ações na Rede Municipal de Ensino.
Em defesa da a educação como meio de mudar o quadro de violência sexual, a delegada Vânia Seixas, titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam/Periperi) declarou que “não existe crime pior que o sexual”. A delegada ainda relatou casos diários em que algumas vítimas descrevem sentir “sujeira na alma” após serem abusadas.
Cultura do estupro
De acordo com a secretária estadual de Política para as Mulheres, Julieta Palmeira, a incidência dos casos é fruto de uma “cultura do estupro”. “Precisamos dar visibilidade ao problema, mas sem vitimizar. É preciso discutir sobre violência contra a mulher, mostrar a cara. Temos que nos unir enquanto governo e sociedade civil para combater o machismo”, aponta.
Durante a audiência pública, participantes relataram o drama de terem sido abusadas na infância e juventude. Foi o caso da jovem Vitória Lemos, que leu um texto descrevendo o nascimento de sua luta feminista após sofrer abuso aos 14 anos. Marila Sales, do grupo Mari@s, também compartilhou sua história e a falta de apoio familiar. “Descobri na arte uma forma de diminuir a dor”, disse, após cantar “Maria, Maria”, de Milton Nascimento.
Participaram aindada mesa de debate a professora de Direito e advogada do Sindseps, Renata Lorena Duarte; o psicólogo Antônio Lacerda; o guarda Civil Municipal André Rocha; do setor de Prevenção de Violência; a conselheira tutelar Ângela Paz; e Sara Mabel Rios, da ONG Plan Internacional, que apresentou dados que traçam o perfil das vítimas.
Fonte: Secom / CMS