
Em meio a um cenário de gritos, empurra-empurra e até mordida em vereador, a Câmara Municipal de Salvador aprovou nesta quinta-feira (22) o reajuste de 4,83% para os servidores municipais e até 9,25% para os professores da rede pública. A votação, marcada por forte tensão e protestos, foi realizada fora do plenário, no Centro de Cultura da CMS, por motivo de segurança. “Todo o rito regimental foi cumprido. O projeto passou por todas as comissões, como manda a lei, e foi aprovado democraticamente pela maioria dos vereadores”, defendeu o presidente da Casa, Carlos Muniz (PSDB).
Do lado de fora, representantes da APLB e do Sindseps realizaram uma barricada humana para impedir a entrada de jornalistas e assessores. A sessão chegou a ser interrompida por 30 minutos e, ao ser retomada, foi marcada por cenas de agressão. “Isso não é manifestação legítima, é barbárie. Eu me senti no 8 de Janeiro. Foram atos feitos por pessoas que não respeitam o espaço democrático”, afirmou Muniz. Ao todo, foram apresentadas seis emendas — quatro da base e duas da oposição —, todas rejeitadas. A oposição se absteve da votação, criticando a condução do processo.
Segundo Muniz, apesar da tensão, a decisão de manter a votação foi soberana: “Alguns queriam adiar para segunda-feira, mas a maioria pediu que fosse hoje. Projeto votado, matéria encerrada.” O texto agora segue para sanção do prefeito Bruno Reis. Professores seguem criticando o governo municipal, alegando que os novos valores ainda não cumprem o piso nacional de R$ 4.867,77. Atualmente, a rede paga entre R$ 1.221,35 e R$ 9.177,34, dependendo do cargo e da carga horária.
A proposta também contempla inativos e pensionistas, com reajuste fixo de 6,27%. “A Câmara está aberta ao diálogo, desde que dentro da lei e sem destruição do patrimônio público”, finalizou Muniz, sinalizando que novas negociações podem ocorrer, mas sempre com “bom senso e respeito à democracia”.