A prisão do ex-presidente da Câmara dos Deputados e ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ainda repercute diante dos deputados federais baianos e em Brasília com a ausência de deputados do plenário da Câmara que temem serem citados em uma possível delação premiada do pmdbista.
O Presidente da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, deputado José Carlos Araújo (PR), que deu início ao processo que levou à cassação de Cunha (PMDB-RJ), revelou sua satisfação pela prisão do ex-presidente da Câmara e agora deputado cassado. Araújo esperava que Cunha fosse cassado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) enquanto ainda era deputado, por causa das sucessivas denúncias contra ele na Operação Lava Jato, incluindo as de ocultação de contas bancárias na Suíça, onde a Justiça do país europeu considera que ele mantinha dinheiro de propina proveniente do esquema de corrupção da Petrobras.
“O Supremo não prendeu, o Moro agora prendeu. A prisão já era esperada. Tudo tem seu tempo. Chegou a vez dele. Ele usou o poder para pressionar. Eu fui pressionado muitas vezes pelo seu poder. Ele tentou me tirar da presidência do Conselho de Ética e fez todas as manobras possíveis”, disse o deputado José Carlos Araújo após a prisão de Eduardo Cunha em Brasília, de onde o pmdbista foi transferido para Curitiba.
O deputado Lúcio Vieira Lima, velho aliado de Eduardo Cunha e um dos defensores da ruptura do PMDB com o governo da então e agora ex-presidente Dilma Rousseff cassada, não comentou sobre a prisão do seu colega de partido. Ele preferiu tecer nenhum tipo de comentário a respeito do fato. Ao lado de seu irmão Geddel Vieira Lima (ministro da Secretaria de Governo), Lúcio foi uma das principais peças políticas que encabeçou o impeachment de Dilma Rousseff no Congresso, como um dos líderes da ala radical do PMDB.
O líder do PSDB na Câmara, o também baiano Antônio Imbassahy, declarou em nota à imprensa que o fato da prisão de Cunha não gerou nenhuma surpresa. “Já era de certa forma esperada, diante da quantidade de denúncias e da gravidade dos fatos a ele atribuídos. É mais um passo da Operação Lava Jato e cabe agora à Justiça, no vigor do regime democrático de Direito, realizar o julgamento final”, resume Imbassahy.
O presidente do PSDB na Bahia, deputado federal João Gualberto, declarou também que recebeu a prisão de Cunha sem surpresa. “Recebi a notícia supernormal. Já era esperado. Até demorou”, disse. O tucano está na ‘torcida’ para que Eduardo Cunha faça delação premiada. “Gostaria que ele fizesse. Espero que ele faça e leve as pessoas que fizeram mal junto com ele”, completa.
Foto: AFP