
Em tendência oposta a da Câmara dos Deputados, onde é dado como certo o arquivamento da denúncia contra o presidente Michel Temer, a bancada baiana na casa legislativa tem parte expressiva a favor do prosseguimento da investigação contra o peemedebista.
Dos 39 parlamentares em exercício pelo estado, 16 (41%) declararam à que votarão contra Temer na sessão plenária que decidirá, na próxima quarta-feira, o futuro do presidente denunciado por corrupção passiva pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
No levantamento feito ao longo da última semana, a reportagem procurou todos os deputados baianos, por meio de telefones pessoais, de assessores de imprensa ou assessores parlamentares.
Cinco deles (12,82%) afirmaram que vão votar pelo arquivamento da denúncia apresentada pela PGR e outros cinco (12,82%) se declararam indecisos.
Dos 39, apenas três (7,7%) não foram encontrados para se posicionar: Pastor Luciano Braga (PRB), Irmão Lázaro (PSC) e Cláudio Cajado (DEM). Outros 10 (25,6%) não declararam o voto.
Os números não consideram, entretanto, possíveis manobras que, se colocadas em práticas pelo Palácio do Planalto e seus aliados, podem provocar mudanças na composição da bancada baiana na casa.
Uma delas seria a saída provisória do deputado licenciado Antônio Imbassahy (PSDB) do comando da Secretaria de Governo da Presidência da República, a fim de votar a favor de Temer no plenário da Câmara dos Deputados.
A hipótese, levantada pelo deputado Marcos Medrado (Podemos), que é originalmente suplente, foi admitida pela assessoria de Imbassahy. Entretanto, ela “ainda não está confirmada”, segundo resposta enviada à reportagem.
Critérios
A indefinição dos partidos em relação à votação e às divergências dos parlamentares com o posicionamento das siglas às quais pertencem foram os principais motivos listados pelos indecisos e por aqueles que não quiseram revelar o voto.
No grupo dos que se dizem indecisos, o deputado José Carlos Araújo (PR), por exemplo, revelou que “tende a votar” pelo prosseguimento da investigação contra o presidente, apesar de o partido ter fechado questão contra a denúncia da PGR.
“Quero votar contra Temer, mas antes vou analisar os impactos que isso pode ter pra mim”, admite Araújo, para desgosto do líder do partido na Câmara, o também baiano José Rocha, que é alinhado ao Planalto.
A posição dos líderes locais também foi fator decisivo na declaração dos votos. É o caso de Marcos Medrado, que só confirmou a decisão de seguir o voto do companheiro de partido Bacelar depois de consultar o governador Rui Costa (PT), que conta com o Podemos, legenda do deputado, na sua base de apoio.
O grupo de sustentação do petista – composto por partidos como PT, PCdoB, PSB, PDT, PP, PSD, Podemos e outros – tem 14 dos 16 parlamentares que se posicionaram contra Temer no levantamento de A TARDE.
Os outros dois são os tucanos João Gualberto e Jutahy Magalhães Jr., que, apesar de correligionários do ministro Imbassahy, compõem a ala de 30 deputados do PSDB que devem votar pela aceitação da denúncia contra Temer e querem o desembarque do governo.
A divergência, apesar de minimizada pelos deputados, expõe o racha da sigla social-democrata.
Placar nacional
A avaliação de todos os deputados ouvidos ao longo da semana é a de que dificilmente o Planalto perderá a votação, como mostram também levantamentos feitos por jornais como a Folha de S. Paulo e O Estado de São Paulo.
Entretanto, a chegada da segunda denúncia contra o presidente, prometida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, seria capaz de deteriorar rapidamente o apoio que ainda restou ao governo Temer.
“Vai ser muito difícil, porque o Temer liberou muito recurso e está ganhando gente da bancada do golpe dessa forma”, admite, por exemplo, o petista baiano Afonso Florence.
Já Cacá Leão (PP) afirma que, apesar do voto pró-Temer desta vez, poderá rever a posição. “Vou acompanhar meu partido por entender que a primeira denúncia não tem tanta representatividade”, justifica.

Fonte: A TARDE On Line