
Sendo reconhecido oficialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença, o tabagismo, classificado como ato de consumir cigarros e/ou outros produtos que contenham tabaco, cuja droga ou princípio ativo é a nicotina, tem sido um grande problema de saúde pública mundial. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA), por meio de dados coletados pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) em 2019, aponta que o percentual total de adultos fumantes é de 12,6% da população.
Dessa forma, visando conscientizar e chamar a atenção para essa questão, a OMS instituiu, em 1987, o dia 31 de maio como o Dia Mundial Sem Tabaco. A data tem sido um importante lembrete sobre os mais de cinquenta tipos de doenças e mortes evitáveis, cerca de 10 mil óbitos diários, diretamente ligados ao tabagismo.
“O cigarro encurta a expectativa de vida em 10 anos e cerca de dois a cada três fumantes morrerão por uma causa relacionada ao tabagismo. A exposição diária as 4.500 substâncias tóxicas presentes no tabaco provocam envelhecimento progressivo da pele, danificam o cabelo, prejudicam o paladar e olfato, e contribuem para piora da qualidade de vida do fumante”, explica o pneumologista e professor do curso de Pneumologia da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Ricardo Figueiredo.
O especialista aponta que, geralmente, o fumante tem seu primeiro contato com o cigarro na adolescência e, devido à dependência causada pela nicotina, persiste com o hábito de fumar por longos períodos, muitas vezes pelo resto da vida. “O maior perigo desta realidade é que seus piores efeitos se desenvolvem lentamente, levando à falsa impressão de que o cigarro não trará problema”, alerta.
Além disso, a OMS também utiliza a data para reforçar que o cultivo e a produção exagerada de tabaco podem causar danos ecológicos globais e mudanças climáticas de longo prazo, desempenhando um papel crucial na determinação do futuro da agricultura e da segurança alimentar.
O perigo dos cigarros eletrônicos – Ao contrário do que muitos pensam, o uso dos cigarros eletrônicos pode ser tão ofensivo quanto o uso do cigarro convencional. Apesar dos aromas, sabores e formatos diferentes, os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs) também são derivados do tabaco, contendo também metais prejudiciais à saúde como chumbo, níquel, cobre, ferro e zinco, desta forma, os riscos à saúde continuam os mesmos. A inalação de monóxido de carbono, alcatrão e de outras substâncias presentes nesses dispositivos são extremamente prejudiciais ao organismo, podendo acarretar o surgimento de câncer, doenças respiratórias e cardiovasculares.
Segundo dados do Instituto de Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), somente nos últimos seis anos, foram registrados quase três milhões de adultos usuários do cigarro eletrônico no Brasil, ocasionando um aumento de 600% em todo o território nacional.
Assim, em busca de obter um controle desses números, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu manter a proibição dos cigarros eletrônicos no país. A medida, que está em vigor desde 2009, proíbe a comercialização, fabricação e importação, transporte, armazenamento e propaganda desses produtos.
Diagnósticos e exames – Responsável direto por mais de 80% dos casos de câncer de pulmão, o tabagismo também tem sido a causa de diversas doenças vasculares, a exemplo da doença arterial coronariana, que pode levar a angina e ao infarto agudo do miocárdio; doença arterial periférica; Acidente Vascular Encefálico; doenças pulmonares; e câncer de cavidade oral, de laringe e de bexiga.
Sendo assim, a investigação das doenças causadas pelo tabagismo dependerá do órgão ou órgãos acometidos. “Por essa diversidade de doenças, o início da investigação é o bom exame clínico e, a partir daí, os diversos meios diagnósticos específicos para cada tipo de doença que o paciente poderá apresentar”, explica a radiologista do Instituto de Hematologia de Feira de Santana (IHEF), Rúbia Campos.
A especialista aponta que os exames mais comuns que podem ser realizados para diagnóstico das doenças causadas pelo tabagismo são: Tomografia Computadorizada do Tórax, Espirometria, Tomografia das Coronárias, Ultrassonografia da bexiga, Laringoscopia, Endoscopia Digestiva, Ressonância Magnética do Crânio, Ressonância Magnética do Coração, entre outros.
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