Os candidatos a prefeito e vereadores em Salvador utilizam estratégias diferentes na “guerra” para conquistar os votos dos potenciais eleitores do município e fidelizar os garantidos. As táticas incluem desde o tradicional corpo a corpo, com caminhadas pelos bairros e comunidades da cidade, principalmente nas zonas periféricas de maior concentração de moradores, reuniões com entidades representativas de classe e encontros com lideranças religiosas e comunitárias.
Discurso repleto de informações exaustivamente decoradas, promessas estrategicamente alinhadas com os principais problemas da cidade, entonação com emoção, benevolência e convicção, boa aparência e bela propaganda, simpatia na abordagem, visitas em locais previamente estudados e cabos eleitorais afinados são alguns dos recursos usados pelos candidatos.
Existem estratégias diferentes, mas todo candidato é orientado por sua equipe de campanha sobre a forma como deve conversar com o eleitorado. A maioria defende que o postulante simule emoção em suas falas e discursos. Outras orientam seus candidatos a falarem com convicção, mesmo que o assunto não seja de seu domínio. Candidato que demonstra insegurança dificilmente conseguirá convencer o eleitor. As pessoas gostam de candidatos que falam com emoção, desde que essa emoção aparente seja real, não demonstre ser forçada. O eleitor se deixa ser influenciado por candidatos simpáticos, sem forçar a barra com abraços entusiasmados em desconhecidos, porém se o candidato for antipático, não conseguirá votos; se o candidato tiver uma postura mais séria, ele não precisa se transformar na campanha, pois só deve ter consciência que o eleitor quer ouvir propostas. A distribuição de porta em porta do tradicional “santinho” é uma outra estratégia adotada pela maioria dos candidatos para divulgar sua candidatura.
Muitos candidatos contratam cabos eleitorais para atuarem como cidadãos comuns nos mais diversos locais. A estratégia se resume em falar bem de um político ou até mesmo mal do adversário. Há também marqueteiros que preferem cabos eleitorais identificados. Em comum, os coordenadores de campanha acreditam que esses profissionais precisam conhecer profundamente a vida do candidato.
Os coordenadores de campanha consideram também que a aparência dos candidatos conta na hora de o eleitor definir o voto. Ser bem apessoado, sem luxo na vestimenta, pode significar, sim, vantagem na corrida eleitoral. Por isso, muitas equipes de campanha usam até tratamento de imagens em materiais impressos para “melhorar a aparência dos postulantes”. Outras defendem que quanto mais natural o candidato parecer, melhor. Neste caso, o esforço é apenas para encontrar o seu melhor ângulo com vistas à propaganda eleitoral na tevê. O físico de um político pouca importa na hora de administrar uma cidade ou legislar por ela, mas parte do eleitorado leva a aparência em consideração. Para os marqueteiros, não é questão de “enganar” o eleitor. É a mesma coisa que acontece quando um cidadão vai procurar emprego, por exemplo, ele se preocupa com a aparência e se arruma melhor do que quando vai passar o dia em casa. A mesma coisa ocorre com o político.
Uma outra estratégia ou tática dos candidatos é marcar presença em locais de grande circulação. O candidato vai à igreja, no sábado à noite ou domingo pela manhã, onde tenta conquistar potenciais eleitores e fidelizar os garantidos. No domingo de manhã, ele vai à feira comprar verduras e legumes para o almoço e dá de cara com os populares que podem ser seus potenciais eleitores. No dia seguinte, passa em uma padaria para tomar um café e se surpreende ao encontrar mais possíveis eleitores ou manter aqueles que já decidiram votar nele. Outra tática vinculada às visitas estratégicas é beber e comer com as pessoas. Isso cria uma proximidade maior com o eleitor. Mas essa estratégia é avaliada pela equipe de campanha de acordo com a postura do candidato.
ACM Neto (DEM) – Atual prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM) desponta como forte candidato com grandes chances de se reeleger na tentativa de reconquistar o executivo municipal. Neto parte novamente para a disputa e terá como adversária a candidata Alice Portugal (PCdoB) que será uma disputa acirradíssima. O candidato democrata busca no contato direto com a população, principalmente, a de baixa renda, fortalecendo e consolidando sua campanha à reeleição para garantir uma eleição consagradora neste ano, assim como foi em 2012. Durante as semanas e finais de semana, Neto revezado seus compromissos de rotina administrativa na prefeitura com a agenda de campanha, mas tem visitado os bairros e comunidades onde é recebido sempre com muito apoio, apreço e carinho por onde passa.
Alice Portugal (PCdoB) – Atuando em seu mandato como deputada federal, Alice Portugal tem forte ligação com a cidade de Salvador e com a militância comunista de esquerda formada por trabalhadores, lideranças sociais e representantes da educação e do movimento estudantil. Com uma conduta reconhecida durante toda a sua militância e diante de seus apoiadores e aliados, a parlamentar se apresenta como candidata à prefeita de Salvador como alternativa de resistência na chapa do PT com o seu partido, o PCdoB, mas terá pela frente a resistência que uma parte da população tem contra o Partido dos Trabalhadores, legenda que comanda atualmente o governo do Estado. A candidata comunista terá pela frente uma disputa acirrada contra o atual prefeito que tem feito, conforme a sociedade e a opinião pública, uma gestão muito além do esperado. A postulante tem apostado também nas caminhadas nos bairros e comunidades da cidade, andando na rua, conversando, ouvindo as pessoas e vendo de perto os problemas da população. Sempre onde aparece, Alice marca sua campanha com investidas contra o prefeito e candidato ACM Neto ao utilizar a tese do ‘golpe’ que faz parte do atual discurso da esquerda.
Celia Sacramento (PPL) – iniciante na disputa como candidata a prefeita de Salvador, Célia Sacramento foi vice-prefeita do atual prefeito ACM Neto eleito em 2012, que foi o mais votado em Salvador. Com serviços prestados como vice-prefeita na capital baiana, Célia Sacramento se destacou pela experiência acumulada durante seu cargo de vice-prefeita no executivo municipal, o que tornou o seu nome lembrado para a disputa municipal deste ano. A candidata tem feito caminhadas e visitas todos os dias, distribuindo panfletos no corpo a corpo perto da população, o que tem estimulado Célia.
Cláudio Silva (PP) – o candidato Cláudio Silva vem como um bom nome do PP para disputar a prefeitura de Salvador. Com fortes ligações com o município em sua experiência como superintendente da Sucom durante a gestão do hoje ex-prefeito João Henrique, é considerado uma das apostas do PP para conseguir desbancar o atual prefeito ACM Neto. Também de olho no eleitorado, o prefeiturável tem gastado a sola do sapato no contato com os eleitores, apresentando propostas para melhorar Salvador.
Fábio Nogueira (PSOL) – a candidatura do socialista Fábio Nogueira é considerada pelo partido como uma alternativa para o momento de crise de representatividade no município. O PSOL tem feito um debate intenso sobre a disputa municipal deste ano 2016, ressaltando que a sigla busca repetir a Frente Socialista de Esquerda, com os partidos aliados PCB e PSTU.
Pastor Isidório (PDT) – Pastor Isidorio, ao se licenciar como deputado estadual, se apresenta como candidato à prefeito de Salvador. Evangélico por convicção, o candidato conta com a força evangélica na capital para ajudar no seu projeto político. Com forte inserção no meio evangélico e com votações sempre consagradoras para deputado estadual no município, Pastor Isidório é a opção do PDT para as eleições de 2016. Ligado aos profissionais da segurança e defensor dos valores morais da família cristã, Isidório usará destas bandeiras para conquistar a cadeira no executivo municipal de Salvador.
Rogério da Luz (PRTB) – Com o seu jeito descontraído e espirito esportivo na política, o candidato Rogério da Luz dispõe de pouca estrutura em relação aos demais candidatos, mas suas posições fortes e contundentes e sua veia cômica, o coloca no hall dos candidatos como uma figura política que sempre dá o ar da graça durante o debate e a disputa eleitoral.
Sem o patrocínio dos caciques políticos e com o orçamento minguado, os prefeituráveis pastor Sargento Isidório (PDT), Fábio Nogueira (PSOL), Célia Sacramento (PV) e Rogério da Luz (PRTB) priorizam, em suas campanhas, as pequenas reuniões com a comunidade, segmentos sociais, estudantes, entidades de classe e lideranças sociais.
Essas e outras estratégias tem sido usadas pelos candidatos com uma intenção clara: seduzir o eleitor e, consequentemente, ganhar o voto, ainda mais nestas últimas semanas que antecedem o período eleitoral chega a sua reta final.
Rafael Santana/Imagem: Reprodução Jornal do Tocantins