
Em um cenário eleitoral indefinido a menos de cinco meses da eleição, o centro tenta encontrar um candidato viável para enfrentar a grande quantidade de votos de lulistas e bolsonaristas. O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, é um dos nomes que vão tentar usar dessa estratégia para aglutinar apoio dos dois lados e tentar chegar ao segundo turno. “Eu sou contra os extremismos, tanto de esquerda, quanto de direita. O radicalismo não é um caminho. É um descaminho. O que eu entendo como correto: você ter liberalismo na economia; liberdade de empreender; competitividade; abertura comercial; educação de qualidade; o Brasil crescer; e você também ter uma visão social, já que o Brasil é profundamente desigual”, avalia o pré-candidato do PSDB.
O tucano minimiza as críticas de que estaria patinando nas pesquisas e acredita que tem condições de chegar ao segundo turno. “A população só passa a ter um interesse maior pelo processo eleitoral a partir de julho. Será quando acabar a Copa do Mundo. Hoje você nem sabe quem vai ser candidato”, acredita. No papo, Alckmin fala sobre diversos assuntos, revela quais são os planos caso seja eleito e critica os posicionamentos do pré-candidato do PSL: “Acho que [Jair] Bolsonaro está totalmente inflado. Acho que ele terá dificuldades de chegar ao segundo turno. Não é disso que o Brasil precisa”.
Confira trechos da entrevista que o TV Servidor repercute a seguir:
Como o senhor avalia o processo eleitoral que está em curso no país? O cenário ainda está muito indefinido?
Geraldo Alckmin – Vai ser uma campanha de chegada e uma campanha curta. Normalmente as convenções eram feitas a partir de 1º de junho, então [se fosse antes] elas já teriam ocorrido. Agora só a partir de 20 de julho que a lei permite fazer a convenção. Então, a campanha vai esquentar mesmo a partir da convenção. Vai ser a partir daí que a gente vai saber quem é candidato e quem não é.
Qual será o perfil do novo presidente? O que o senhor acredita que vai cobrar? Quais requisitos serão colocados em evidência nesse processo eleitoral?
Alckmin – A questão central é o emprego. Estamos hoje com 13 milhões de desempregados. Além disso, mais 7 milhões no desalento. São pessoas que desistiram de procurar emprego. Então, o grande debate vai ser como o Brasil vai voltar a crescer. Não tem crescimento sem investimento, que é confiança. Então, acredito que esse é o segredo.
A Lei da Ficha Limpa está consolidada no país. Lula será candidato mesmo preso ou o senhor acredita que isso é uma estratégia do PT para manter o partido vivo?
Alckmin – Disputei a eleição em 2006 contra Lula. Fui para o segundo turno. Ele ganhou a eleição. Aceitei o resultado. Não posso falar em nome da Justiça. Seja quem for o candidato do PT, é sempre um candidato forte. Nós vamos enfrentá-los. Esperamos estar no segundo turno.
Há muita indefinição sobre o que é centro-direita e centro-esquerda hoje no país. Onde o senhor se localiza e quais bandeiras o senhor vai colocar ao longo do processo?
Alckmin – Eu sou contra os extremismos, tanto de esquerda, quanto de direita. O radicalismo não é um caminho. É um ‘descaminho’. O que eu entendo como correto: você ter liberalismo na economia; liberdade de empreender; competitividade; abertura comercial; educação de qualidade; o Brasil crescer; e você também ter uma visão social, já que o Brasil é profundamente desigual. Precisamos ter políticas públicas para a população que precisa poder avançar mais. Acho que é capitalismo na economia e rede social na área para reduzir desigualdades.
O senhor acredita na reunião dos partidos de centro e de extrema-direita ou não há nenhuma possibilidade a ser cogitada nessa eleição?
Alckmin – Extrema-direita é óbvio que não. Extremismo não vai levar a lugar nenhum. Os partidos que eu chamaria de “convergência democrática” não vão reunir todos, mas acho que dá para ter aí uma boa aliança. Nós já temos hoje praticamente cinco partidos e acho que a gente vai crescer. Não agora, mas no mês de julho. Numa boa aliança você tem o tempo de televisão, que é importante, e também não tem só eleição para presidente da República. Tem para senador, governador e deputados. Então, precisa ter bons palanques pelo Brasil. Nós estamos trabalhando desde o Rio Grande do Sul até o Amapá.
Quais são esses cinco partidos da sua base?
Alckmin – Eu não tenho anunciado para deixar que eles, no momento que entenderem adequado, o façam. Mas é o PSDB e mais quatro. Estamos indo bem e esperamos ampliar essa aliança.
Como o senhor vê as críticas de que seu nome não agregaria, como foi esperado nessa fase de início de campanha? O senhor acredita que a estratégia pensada pode torná-lo competitivo nessa reta inicial da campanha?
Alckmin – Não tenho a menor dúvida. A população só passa a ter um interesse maior pelo processo eleitoral a partir de julho. Será quando acabar a Copa do Mundo. Hoje você nem sabe quem vai ser candidato. Aí sim saberemos quem é candidato, quem é o vice, quem não tem candidato, quais são as alianças… Para valer mesmo, será em setembro, porque você terá a televisão e o rádio para falar com a população.
Fonte: Tribuna da Bahia On Line