
Uma mobilização movida a descontentamento com reformas na legislação e que, a longo prazo, deverá trazer prejuízos a maior parte da população é o que deve tomar as ruas do País nesta sexta-feira (28).
Puxada pelas centrais sindicais, a Greve Geral deverá impactar na rotina da população, e segundo seus organizadores, será o ponto de partida para mais paralisações, que tem o objetivo de frear a aprovação das medidas que impactarão diretamente na vida do trabalhador brasileiro.
Em Salvador, a suspensão das atividades será acompanhada de pelo menos três manifestações principais puxadas pelas centrais. Entre as principais entidades, estão a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCTB), a União Geral dos Trabalhadores (UGT), e a Força Sindical. Mais de 30 categorias profissionais deverão participar dos protestos.
A primeira está prevista para as 6h na região da Rodoviária e do Shopping da Bahia, na Avenida Antônio Carlos Magalhães. A segunda terá início às 15h, na Praça do Campo Grande e deve seguir pelo centro da cidade.
O terceiro ato está previsto para as 19h, no Largo de Santana, no Rio Vermelho. De acordo com as centrais, outros atos ainda devem acontecer pela capital baiana e região metropolitana.
Conforme o presidente da CTB Bahia, Aurino Pereira, existe ainda a possibilidade do fechamento de outras vias da cidade. “Em um movimento de greve geral, outros segmentos da sociedade também se organizam para fazer seus protestos. Não vamos cair na ilusão de que há uma centralização disso. É um dia que sabemos como começa, mas não como termina. Esperamos que termine de forma muito tranquila, passando um aviso para o Governo Federal e para o Congresso Nacional”.
Sobre a possibilidade do fechamento da Estrada do Coco, próximo ao portal de entrada de Lauro de Freitas, o presidente da NCTB Bahia, José Ramos, explica que os trabalhadores estão mobilizados, e que a cidade da RMS faz parte da agenda do sindicato, que estará na cidade para conscientizar os trabalhadores que não teriam conhecimento da Greve Geral e suas motivações.
“Estaremos em alguns pontos estratégicos, inclusive na Linha Verde, na via para Camaçari. Começaremos cedo. Vamos conscientizar, e fazer isso de forma democrática, mas do jeito que as coisas já estão, o trabalhador sabe o que quer, e não tem alternativa”, explica Ramos.
Representação
Para Pereira, as medidas não atendem a classe empresarial como um todo, mas sim os maus empresários. “Os empresários sérios que tem seu negócio para gerar riquezas e empregos estão percebendo que essas medidas são muito ruins, pois vai ampliar os conflitos na relação de capital e trabalho. E isso é perigoso”.
Os sindicalistas negam também que a real preocupação das entidades fosse a perda da contribuição sindical, que será limitada após a reforma da legislação. “Nós fazemos manifestações já há muito tempo. Não estamos nas ruas não é de agora. Quem está argumentando isso, faz de forma muito irresponsável”, explica Pereira.
O mais grave da reforma, de acordo com ele, é a redefinição onde os sindicatos ficam completamente fora do debate, com o empregador negociando diretamente com o trabalhador. “Quantos trabalhadores desse país, tem coragem de negociar individualmente condições de trabalho, com seus empregadores? Afinal, o empregador admite que demite”, argumenta Aurino.
Trabalhadores vão paralisar mesmo sob risco de corte no ponto
Entidades representativas do terceiro setor, a exemplo da Fecomércio, chegaram a lançar nota reafirmando que o segmento vai funcionar normalmente na sexta-feira. Da mesma forma, a Prefeitura de Salvador também declarou que cortará ponto dos servidores que faltarem ao trabalho no dia da paralisação.
Ainda assim, o presidente da CTB Bahia não acredita que esses avisos poderão influenciar na greve, ou intimidar os trabalhadores para que não participem das paralisações. Há uma posição muito firme dos sindicatos, dos trabalhadores do comércio, e da indústria, ele explica.
”Para o empresário sério, é importante que ele entenda as motivações da greve de amanhã, pois queremos resgatar a possibilidade de que a economia possa crescer, queremos emprego com geração de renda, circulação de moeda, principalmente dos pequenos e médios empresários. Quem tem responsabilidade com o futuro, não vai criar dificuldades para que a greve aconteça”, destaca Aurino Pereira.
O fato de que a reforma já foi aprovada pela Câmara dos Deputados, também não deve prejudicar o movimento grevista, segundo o presidente da CTB Bahia. “A greve não acontece por decreto.
Ela vai se consolidando a medida que a sociedade percebe o que está acontecendo, inclusive, já começaram a perceber isso com as discussões sobre a Reforma da Previdência. Não há outra saída, se não reagir”.
Novas Paralisações
Ainda que a Greve Geral esteja acontecendo após a aprovação de duas reformas no congresso, os sindicatos afirmam que este não será um movimento único, e que novas paralisações do gênero poderão acontecer futuramente.
O presidente da CUT-BA, Cedro Silva, afirma que existe o indicativo para continuar as mobilizações e manifestações. O dia 28 de abril é apenas mais uma etapa dessa longa batalha que a gente vai travar pela frente.
“Nós queremos a saída do Governo Temer, discutir modelo de desenvolvimento econômico do País, mas com o consenso da classe trabalhadora. Não adianta o governo e o congresso dizerem o que é bom para o País, sem ouvir aquelas pessoas que pensam e acham que as medidas são prejudiciais. Se o governo quer mudar, terá que ouvir aqueles que são impactados por essas medidas”, afirma.
Fonte: Tribuna da Bahia