
Entre agosto de 2023 e agosto de 2024, Salvador enfrentou pelo menos 85 interrupções no serviço de ônibus devido à insegurança. O levantamento, chamado “Catraca Racial: o impacto da segurança pública na mobilidade urbana da capital da Bahia”, foi realizado pela Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas, Observatório da Mobilidade de Salvador e Instituto Fogo Cruzado.
No total, 30 bairros foram afetados, sendo Mussurunga o mais prejudicado, com 14 suspensões de serviço. Em maio, por exemplo, moradores ficaram sete dias consecutivos sem transporte público. Outros bairros como Fazenda Coutos, Valéria e Pernambués também registraram altos números de interrupções.
Essas interrupções, em boa parte dos casos, estão relacionadas a tiroteios ou operações policiais. Segundo o estudo, 19 das 85 interrupções foram associadas diretamente a ações da polícia, enquanto em 57 casos não houve detalhamento das causas. Em apenas nove situações ficou claro que as suspensões não envolveram as forças de segurança. Para se ter uma ideia da dimensão, 15 dessas interrupções somaram 316 horas de paralisação, o equivalente a 13 dias sem transporte.
O impacto da violência na mobilidade afeta diretamente as comunidades mais vulneráveis da cidade.
Em áreas como Fazenda Coutos, Valéria e Águas Claras, a ausência de ônibus por dias significa que os moradores precisam buscar alternativas caras ou inseguras, como mototáxis ou transporte clandestino. Para quem depende do transporte público, cada suspensão representa perda de renda, atraso e um custo adicional que agrava ainda mais a realidade já desafiadora.
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(Com informações do Correio)