
Enquanto a Bahia lidera o ranking de estados com mais facções atuando no sistema prisional (são 21 organizações criminosas mapeadas, segundo a Senappen), o governador Jerônimo Rodrigues (PT) recusou um projeto do Ministério da Justiça que buscava justamente enfrentar o domínio territorial dessas quadrilhas. A iniciativa previa ações de inteligência, ocupação policial intensiva e programas de recuperação social, mas foi rejeitada pelo governo petista, que alegou falta de efetivo e “dúvidas sobre a efetividade da proposta”.
Segundo a Folha de S. Paulo, técnicos chegaram a atuar junto à SSP na análise de dados, mas a gestão petista barrou a fase de execução mesmo com todos os sinais apontando para o avanço do crime organizado nas comunidades baianas. Em vez de atacar o problema com seriedade, Jerônimo preferiu manter seu programa “Bahia Pela Paz”, que até agora tem mostrado resultados tímidos diante da realidade brutal das ruas.
A contradição é gritante. O mesmo governo que se gaba de suposta integração com o MJSP agora é desmentido por sua própria recusa em colaborar com uma operação séria de retomada do controle territorial. A justificativa de que “organizações criminosas não são o principal problema” soa como deboche, quando o próprio governo federal, também petista, mapeia a Bahia como epicentro da atuação de facções no país.
Enquanto isso, o projeto será levado ao Rio Grande do Norte, onde a proposta foi bem recebida. Lá, o Ministério da Justiça contará com apoio da USP e de especialistas em segurança multidimensional para modelar mercados ilícitos, atacar a base econômica do crime e oferecer alternativas de renda.
Tudo isso deveria estar sendo feito aqui, mas Jerônimo prefere manter o colapso sob controle apenas no discurso.
A Bahia tem hoje uma das polícias mais letais e, ao mesmo tempo, uma das populações mais reféns do medo. A decisão de rejeitar o projeto é mais uma prova de que o governo estadual está desconectado da urgência real das comunidades.