
A reforma administrativa que Jerônimo Rodrigues planeja implementar enfrenta um grande obstáculo: a falta de autonomia do governador para organizar sua gestão. Com apenas 20% do controle sobre as decisões, segundo avaliação de aliados, os outros 80% estão nas mãos dos ex-governadores Jaques Wagner e Rui Costa. Ambos disputam espaço dentro do governo, transformando qualquer tentativa de mudança em uma batalha entre caciques petistas.
Além de reorganizar a administração estadual, Jerônimo também terá que lidar com a disputa pela presidência da União dos Municípios da Bahia (UPB). A entidade, que representa prefeitos baianos, tornou-se mais um palco para o embate de forças entre Wagner, Rui e o PSD de Otto Alencar. O prefeito Wilson Cardoso (PSB) conta com o apoio de Wagner, enquanto Phellipe Brito (PSD), que iniciou como favorito, é articulado por Rui Costa e aliados. Correndo por fora, Augusto Castro (PSD) tenta se consolidar com o respaldo da cúpula de seu partido.
A expectativa de um consenso deu lugar a um cenário de tensão, com troca de farpas e cobranças de dívidas políticas por parte dos apoiadores dos candidatos. A disputa pelo comando da UPB reflete a dificuldade de Jerônimo em tomar decisões sem que sejam validadas pelos seus “tutores”.
Essa situação reforça a percepção de que o governador, mesmo eleito, segue refém das forças políticas que o levaram ao Palácio de Ondina.
Com essa dependência, o desafio de Jerônimo não é apenas administrar os conflitos internos, mas também mostrar à base aliada que tem capacidade de liderar e dar ao governo uma identidade própria. Para isso, precisará de muito mais que jogo de cintura: será necessário romper com as amarras que o impedem de sair da sombra de Wagner e Rui.
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(Com informações do Correio)