Kajuru elogia Virgínia Fonseca, Cleitinho pede vídeo pra esposa: CPI das Bets vira camarim de influencer

Reprodução / TV Senado

A presença de Virgínia Fonseca na CPI das Bets foi tudo, menos discreta. Convocada como testemunha, ela chegou com habeas corpus na mão, moletom preto no corpo e 53 milhões de seguidores nas costas. Irritada com o vídeo exibido por Soraya Thronicke, reagiu com deboche: “Pega um vídeo recente, pô”. Depois, tentou suavizar: “Vou sair daqui reflexiva. Peço desculpas, mais uma vez, pela exaltação”. Mas o clima virou desfile de selfies no Congresso.

Até o senador Cleitinho pediu um vídeo pra esposa. Kajuru largou elogios à influencer e ao sogro Leonardo. A CPI parecia palco de camarim.

A missão da comissão era apurar vínculos entre influenciadores e o mercado bilionário de apostas online além dos muitos contratos que estariam ligados a bônus proporcionais às perdas dos jogadores. Virgínia negou a existência da “cláusula da desgraça” em seus contratos e alegou que nunca recebeu valores com base nos prejuízos alheios. Admitiu, porém, que havia previsão de bônus por lucros dobrados, mas “isso nunca aconteceu”. Também afirmou que seus contratos eram com casas regulamentadas e prometeu entregar os documentos à CPI sob sigilo.

A senadora Soraya foi direta: “Se a senhora influencia 53 milhões, como não influencia nem o marido e a mãe?”. Virgínia tentou escapar: disse que eles jogam em contas diferentes. Na prática, o escândalo ultrapassa o marketing e mergulha num problema que atinge milhões: endividamento e vício em apostas.

O Brasil fechou 2023 com 71,4 milhões de pessoas com nome negativado, segundo a Serasa.




Mesmo se dizendo “surpresa” com os dados, Virgínia saiu ilesa. Nenhum senador tocou no principal: por que influenciadores promovem apostas para públicos vulneráveis sem fiscalização séria? Segundo o Datafolha, 41% dos brasileiros afirmam já ter apostado online, e 19% desses admitem ter tido prejuízo. Enquanto isso, casas como a Esportes da Sorte, investigada por lavagem de dinheiro, continuam estampando os stories de celebridades.

Se a CPI queria esclarecimentos, o que teve foi performance. A influenciadora mais seguida do Brasil foi tratada como uma adolescente mimada que “não sabia de nada”.

Saiu com os seguidores intactos, a imagem protegida e a política, mais uma vez, fazendo papel de figurante.







Sobre Mathias Jaimes

Mathias Ariel Jaimes ( DRT 5674 Ba ) , é CEO do site #TVServidor e sócio-proprietário da agência de comunicação interativa #TVS1 . Formado em publicidade na Argentina. Estudou artes plásticas na Universidade Federal da Bahia. MBA em marketing e comunicação estratégica na Uninassau. Aluno do professor Olavo de Carvalho, Curso Online de Filosofia, desde 2015.

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