Lúcio Vieira Lima defende as reformas do governo Temer

Crédito: Reprodução/Globo News

O deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB defende as reformas realizadas pelo governo Michel Temer, como a previdenciária e a trabalhista, e considera que as medidas são necessárias para resolver o contexto de crise ocasionado pelas últimas gestões do PT. O presidente da Comissão Especial de Reforma Política destacou que é preciso haver um entendimento na população sobre a necessidade das mudanças na legislação.

“O presidente Temer, quando assumiu, não assumiu com esse desejo populista, mas com bala na agulha para consertar o país para que em 2018 tenha tranquilidade de ocorrer uma eleição em um ambiente arejado, que não se influencie por crise econômica ou não. A estratégia para aprovar é convencer os deputados da base e a população de que se não for feita agora será feita depois com muito mais custo”, disse. Ainda na entrevista, o peemedebista falou sobre a Operação Lava Jato e delações premiadas, em uma das quais foi citado. “Primeiro, que a operação mira o DEM, o PSDB, o PP… Mas todos aqueles que eventualmente tiveram alguma citação você pode dizer que estão na mira. Quem foi citado, como eu, tem que ter o amplo direito de defesa.

Quem for inocente, será inocentado. Quem for culpado, será condenado. Fora isso, não tem muito o que fazer”. Lúcio diz ainda que não é só a classe política que está em xeque. “É a sociedade brasileira, não que ela seja culpada. Tem a questão do foro especial. São 35 mil pessoas com direito, pouco mais de mil são políticos. E todo mundo pensa que o foro é para privilegiar o político”.

Sobre as eleições de 2018, o peemedebista diz que o cenário ainda é muito turvo, improvável, sobretudo, diante dos desdobramentos da Operação Lava Jato. Ao ser questionado sobre a possibilidade de o prefeito ACM Neto ter fôlego para se lançar na disputa, ele diz que o democrata tem as condições para se tornar candidato, “mas com a política do jeito que está, ninguém sabe”. “Se Lula vier e puder se candidatar, vai fortalecer uma candidatura do PT no estado”.

Confira a íntegra da entrevista concedida à Tribuna da Bahia que o Tv Servidor repercute a seguir:

O presidente Michel Temer está preparando uma série de medidas amargas, entre elas, a reforma Tributária e a da Previdência. Qual a estratégia do Planalto para conseguir esse feito?
Lúcio Vieira Lima –
Primeiro que eu não chamaria de medidas amargas, mas de medidas necessárias. O PT quebrou o país e você não recupera a economia sem as medidas necessárias que são amargas. O governo do PT, com o desejo de se perpetuar, terminava fazendo uma série de medidas que implicavam prejuízo, como na Venezuela. Lá eles pegavam o dinheiro que vinha do petróleo, e se fosse um governo responsável, faria um fundo soberano para quando viesse a crise, mas parecia Silvio Santos, falando “quem quer dinheiro?”. O presidente Temer, quando assumiu, não assumiu com esse desejo populista, mas com bala na agulha para consertar o país para que em 2018 tenha tranquilidade de ocorrer uma eleição em um ambiente arejado, que não se influencie por crise econômica ou não. A estratégia para aprovar é convencer os deputados da base e a população de que se não for feita agora será feita depois com muito mais custo.

Qual o melhor caminho, sabendo que o fisiologismo ainda pulsa no Congresso Nacional?
Lúcio Vieira Lima –
Continua pulsando, mas não tão exitoso por causa da situação do país. Você tem o fisiologismo, que chamamos de toma lá dá cá, quando você tem alguma coisa para tomar ou para dar. Veja as nomeações, hoje tudo é considerado criminoso, como teve a diretoria da Petrobras. Então você fica sem ter muito a oferecer a não ser que se aprovar as reformas e o país recuperar a economia, todos serão beneficiados eleitoralmente. É preciso lembrar que a crise não foi internacional, mas criada pelo desgoverno do PT.

A Operação Lava Jato atingiu o ex-presidente Lula e o PT. Agora mira o PP e o PMDB. Qual avaliação o senhor faz, já que também foi citado em uma delação premiada?
Lúcio Vieira Lima –
Primeiro, que a operação mira o DEM, o PSDB, o PP… Todos aqueles que eventualmente tiveram alguma citação você pode dizer que estão na mira. Quem foi citado, como eu, tem que ter o amplo direito de defesa. Quem for inocente, será inocentado. Quem for culpado, será condenado. Fora isso, não tem muito o que fazer. O mensalão foi tão grave quanto a Lava Jato, mas o mensalão acabou e não estávamos em crise. Naquela época tinha o ex-presidente Lula, o Fies, todo mundo colocando o filho na universidade. E por isso ficou a tese do rouba, mas faz. Agora, com a economia desse jeito, quem tinha o seu carro perdeu. Quem tinha o filho na faculdade, está tendo dificuldade. Quem tinha duas geladeiras, está com dificuldade para pagar a conta de luz. Por isso cria essa revolta.

O senhor tem fama de não ter papas na língua e de ser um crítico feroz das mazelas que encontra. Como fica a classe política nesse momento? Está toda em xeque?
Lúcio Vieira Lima –
Não é só a classe política que está em xeque. É a sociedade brasileira, não que ela seja culpada. Tem a questão do foro especial. São 35 mil pessoas com direito, pouco mais de mil são políticos. E todo mundo pensa que o foro é para privilegiar o político. Não é apenas o Legislativo que é a casa do povo, mas o Planalto, o Judiciário, qualquer repartição. Mas no Judiciário e nos ministérios você não entra nem de chinelo. Por isso a classe política é a mais visada. Aí tem o salário. Todas as demais categorias estão no teto. Mas sempre quem paga o pato é a classe política, que é responsável por suas mazelas. Hoje você não tem uma UNE, ABI e OAB que mobilizam.

De 0 a 10, que nota o senhor dá ao juiz Sérgio Moro e à Operação Lava Jato?
Lúcio Vieira Lima –
A Lava Jato é uma operação que está fazendo muito bem ao país, mas não é perfeita para ter uma nota 10. Dez quer dizer perfeição. Na Lava Jato tem eventuais excessos e injustiças. Não sei dar uma nota a Moro, por que não entendo, sou engenheiro agrônomo. Mas posso dizer que ambos estão cumprindo o papel que foi dado a eles.

O que se diz no Congresso sobre a pretensão do relator do TSE de cassar a chapa Dilma-Temer? O atual presidente conclui o mandato?
Lúcio Vieira Lima –
Conclui. Sem querer entrar no mérito, mas não tem tempo hábil para a cassação do mandato, e não é pela classe política. É aquela história, a lei existe, mas tem pedido de vista, isso e aquilo, e precisamos ter responsabilidade. Não podemos transformar o julgamento em uma Operação Carne Fraca. Estamos sabendo que o país está em uma situação ruim. Em vez de afastar aquela crise, a operação terminou agravando o desemprego, a perda de confiança do país, que vinha de um momento de grande recuperação. 15 dias antes teve geração positiva de emprego, juros caindo… Se a chapa cair, terá de ter eleição indireta, e aí não tem articulação certa, qualquer um pode se apresentar. Será um Deus nos acuda.

O que o senhor entende como legado que o governo Temer vai deixar nesse curto espaço de tempo?
Lúcio Vieira Lima –
Não entendo o grande legado que ele vai deixar, mas que ele pode deixar. Porque a gente só pode dizer que deixou legado quando acabar esse período. Acho que ele tem a oportunidade de deixar o país com estabilidade econômica, que tem responsabilidade com a coisa pública. Com a cultura de que o governante não pode brincar com a economia, como fez o PT e levou o país ao caos. Ele está fazendo um governo de transição e tem de tomar medidas, mesmo que amargas, para que em 2018 tenhamos eleições tranquilas.

Consultando a sua bola de cristal, quem o senhor vê disputando as eleições em 2018? Quem vai receber a faixa presidencial?
Lúcio Vieira Lima –
A minha bola de cristal está muito opaca. Na política hoje, você limpa a bola de cristal e ela só mostra o amanhã, depois não lhe diz nada. Tem uma operação Lava Jato que está pautando a política brasileira. Como a população vai reagir, se vai surgir um aventureiro, ninguém tem condição de saber nada. No cenário atual, tem o ex-presidente Lula, mas será que ele vai estar elegível? Tem o Dória, mas não se sabe se ele terá a mesma pegada. O Bolsonaro, não sei se ele se sustenta. Não que ele não seja um bom quadro, mas as pessoas querem alguém com uma certa comprovação, que possa consertar o país, e não sei se as pessoas vão ver o Bolsonaro dessa forma.

Qual o maior desafio do Brasil hoje, controlar a economia ou fazê-la crescer? Combater o desemprego ou garantir a segurança do cidadão?
Lúcio Vieira Lima –
Primeiro tem que passar pela fase de estabilizar, depois crescer. O primeiro desafio é controlar a economia. Quando se controla a economia, gera condições de emprego, controla a inflação, recupera a credibilidade… O dinheiro não acabou, deixou de circular. O maior desafio é tirar o Brasil desse sobressalto e colocá-lo em uma linha de equilíbrio.

Como viu a queda de Geddel e a ascensão de Imbassahy na Secretaria de Governo?
Lúcio Vieira Lima –
Com naturalidade, é da política. Geddel caiu e alguém tinha que ocupar o lugar dele, e sorte que foi Imbassahy, que é um grande amigo e é baiano. Não resta dúvida que a Bahia perdeu muito com a saída de Geddel, pelo próprio estilo dele, que tira obra do papel. Logo no primeiro mês dele, conseguiu os recursos para o BRT, que estava parado. Ele conseguiu aumentar o teto da saúde de Salvador, resolveu o problema do Martagão Gesteira. Imbassahy é um quadro qualificado, já foi prefeito, deputado estadual, federal, já foi líder do governo e tem todas as condições de ser o embaixador da Bahia. Perdemos muito com a saída de Geddel, até pela amizade que ele tem com o presidente Temer, mas a ascensão de Imbassahy foi excelente.

Qual a avaliação do senhor do governo Rui Costa?
Lúcio Vieira Lima –
Digo sempre que o secretário de Comunicação, André Curvello, é um grande governador. Porque é um governo que na verdade é de propaganda. Rui, malandramente, é um político que não vai para os grandes embates. Ele fica ali vendendo que é o técnico, visita muito as comunidades, a escola, o interior, mesmo que seja para um aniversário de boneca ele vai. E André Curvello pega esse aniversário de boneca e transforma em uma grande festa cívica e popular.

Qual o principal erro e o principal acerto do governo estadual?
Lúcio Vieira Lima –
O principal acerto é terceirizar o governo para André Curvello [secretário de Comunicação] E o principal erro é, não é nem dele, mas do conjunto da obra do PT. A exemplo dos demais estados, que está falido. Fazer parte de um grupo político que não se preocupou com o Estado, toda hora tem um endividamento novo. Não foi nem um erro pessoal dele. Ele acertou pessoalmente quando saiu desses embates políticos. Ele consegue passar ao largo disso, e passa imagem de um homem humilde.

Acredita que o prefeito de Salvador, ACM Neto, vai ter fôlego para se lançar na disputa em 2018?
Lúcio Vieira Lima –
Se eu falasse que acredito ou que não acredito, estaria contradizendo a minha afirmativa anterior. Acho que ele tem as condições para se tornar, construir, mas com a política do jeito que está, ninguém sabe. Se Lula vier e puder se candidatar, vai fortalecer uma candidatura do PT no estado. Todo mundo sabe que os governos do PT no Estado não foram eleitos por mérito próprio, mas puxados pelo PT nacional. Tanto é que a ex-presidente Dilma e o próprio ex-presidente Lula nunca se preocuparam em dar importantes ministérios para a Bahia, porque quando iam cobrar diziam que já tiveram o prêmio de terem sido eleitos. Ainda têm muitas variantes para considerarmos o resultado da equação.

Quais os rumos do clã Vieira Lima em 2018?
Lúcio Vieira Lima – O mesmo de sempre. Não tem rumo, é viver o dia a dia da política. É aquele ditado, cada dia com a sua agonia. A bola de cristal não é feita para ver o futuro de ACM Neto ou de presidente da República, mas até o clã Vieira Lima, que não tem clã nenhum, o futuro vai depender do povo da Bahia.

O que dizer da polêmica envolvendo a compra de 75 passagens aéreas?
Lúcio Vieira Lima – Vários deputados comparam. Foi um planejamento que é bom para mim e para o governo. Comprei em um dia passagens até março. Diga-se de passagem, se você pegar o site do Congresso, eu sou o deputado com o menor gasto da verba de representação. Da minha verba, devolveu R$ 200 mil. Para isso, faço planejamento, não saio gastando como se fosse meu. Se fosse comprar em março, sairia por R$ 2 mil cada trecho, e se não uso, o crédito volta para a Câmara. As passagens de janeiro, que é recesso, foram porque eu disputei a vice-residência da Casa. Não tem passagem para a minha filha, mulher, passagem para o Rio de Janeiro. Só de Salvador a Brasília no meu nome e no do meu assessor. Não tenho nada ilegal. Eu fiz e farei de novo o mesmo planejamento.

Fonte: Tribuna da Bahia

Sobre Emmanuel

Como me defino? Pernambucano, católico e ANCAP. Sem mais delongas... " Totus Tuus Mariae". "... São os jovens deste século, que na aurora do novo milénio, vivem ainda os tormentos derivados do pecado, do ódio, da violência, do terrorismo e da guerra..." Um adendo: somos dois pernambucanos contra um "não-pernambucano". Rs

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