Momentos antes da sessão no plenário na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) marcada pela intensidade e pelo clima quente das discussões em torno dos projetos apreciados pela Casa, o deputado estadual Marcelo Nilo (PSL) se reuniu em almoço com integrante do PT. O cardápio principal do encontro foi debater temas como a conjuntura política nacional e estadual, e, principalmente, as eleições para a presidência da Casa, que não poderia faltar como opção.
A esperança era que os petistas declarassem o apoio do partido à reeleição de Nilo a mais um comando na presidência do legislativo estadual, o que não aconteceu ainda, conforme o próprio Nilo. “Almoçamos e conversamos sobre o futuro político”, disse, sem querer se ater aos detalhes da conversa. “Ainda não sou candidato”, insiste. Nilo está prestes a pleitear um sexto mandato nas eleições que acontecem no início de 2017 para dar continuidade a ‘hegemonia’ de Nilo dentro da Assembleia
O fato é que governistas têm interesse que a presidência continue sob o comando de Nilo, que em 2014 não poupou esforços para ser escolhido vice na chapa do possível candidato a governador Rui Costa (PT).
Do lado da oposição, o entendimento vai no caminho de não interferir de forma incisiva no processo. Com o apoio a sua reeleição, Marcelo Nilo reforça sua força política com a perspectiva de uma ascensão em 2018, mas neste interim pode gerar dificuldades ao governo no momento de formar a chapa para concorrer a reeleição ao governo do estado.
De acordo com o presidente estadual do PT, Everaldo Anunciação, a presidência da Assembleia está na pauta das discussões do partido, mas sem tocar em nomes. “Falamos de tudo, conjuntura, mas nada de aprofundamento, falamos apenas superficialmente das coisas. Estabelecemos um diálogo, já que depois das eleições municipais não falamos ainda”, declara.
“Ele [Nilo] ainda não é candidato e por isso não comentamos tanto. Mas uma coisa que discutimos foi que o prefeito de Salvador [ACM Neto] vai lançar um candidato, que vamos enfrentar. A tática nossa é manter a base unida e trabalhar para derrotar”, garante Anunciação ao adiantar que Marcell Moraes (PV) e Sandro Régis (DEM) estão como possíveis candidatos da oposição ao comando do parlamento estadual.
Nos bastidores da disputa interna, os comentários são de que o prefeito ACM Neto (DEM) não vai intervir no processo, fato que tem sido desprezado pela bancada petista na Alba. Na semana que passou, Sandro Régis saiu pela tangente ao ser perguntado sobre a disputa ao comando do legislativo, com a justificativa de que ainda era muito cedo para “tudo isso”.
O democrata antecipou que não há definicão, e que não descarta a indicação de um nome. “[…] o nosso líder maior que é o prefeito ACM Neto, a deputada Tia Eron, do PRB, o ministro Geddel [Vieira Lima], e no momento certo vamos ter uma decisão”, indossa.
Na visão da deputada estadual Luiza Maia (PT), que também esteve na reunião do partido com o presidente da Alba, Marcelo Nilo (PSL), um candidato apoiado pelo prefeito ACM Neto (DEM) à presidência da Casa não teria êxito.
“A conversa que tenho ouvido é que ACM Neto está lançando um candidato à presidência da Casa. Ele quer marcar oposição em tudo, mas não acho que ele teria tanto espaço, porque a oposição tem apenas um terço da Casa”, acredita.
“Pode ser que eles ganhem algum espaço, não acho uma coisa muito fácil. Ele está doido para ser governador, pode ser que ele queira marcar território. Mas ainda está muito cedo para discutir isso”, continua.
Ainda de acordo com a parlamentar, a tratativa com Nilo teve um tom “político”, sem haver qualquer menção à sucessão do comando da Alba. Luiza disse também que o governador Rui Costa se mantém fortalecido em 2018, mas confessa que o gestor petista precisa melhorar a articulação política.
“Acho que Rui está muito bem com a gestão dele. Como gestor está nota 10, mas precisa ter mais ação política, uma gestão política mesmo, um atendimento mais constante com os aliados, com os prefeitos. Hoje mesmo iríamos ter um papo com ele, mas teve que ir a Brasília”, disse.
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