Há meio século, nas ruas vibrantes da Bahia, nascia uma revolução cultural embalada ao som dos tambores. O Ilê Aiyê, mais que um bloco de carnaval, tornou-se um marco na história da autoafirmação negra no Brasil. Suas raízes mergulham no terreiro de candomblé jeje-nagô de Mãe Hilda Jitolu, e seus ideais foram forjados no fervor dos movimentos de resistência negra, inspirados até pelos Panteras Negras lá dos Estados Unidos.
Em uma época onde a ditadura militar tentava silenciar as vozes da diversidade, o Ilê Aiyê emergiu como um grito de liberdade, desafiando a censura e a repressão com a força e a beleza de sua cultura.
Não demorou para que o primeiro desfile do Ilê, em 1975, sacudisse as estruturas sociais, provocando desconforto nas elites e desafiando a negação do racismo no país. Mas o bloco, com sua identidade visual única e sua mensagem poderosa, cresceu e inspirou uma onda de valorização da cultura afro-brasileira. O Ilê Aiyê não só celebra a beleza negra e a riqueza da herança africana, mas também inspira novas gerações a se orgulharem de suas raízes, transformando o carnaval em uma plataforma de luta e resistência política. Viva o Ilê, que continua a passar, deixando um rastro de inspiração e autoafirmação por onde vai.