
Entre os depoimentos feitos durante a roda de conversa Mulheres em Debate, promovida pela Comissão da Mulher da Câmara de Salvador no final da tarde de quinta-feira (8), um se destacou pela emoção que causou: o de Milca Martins, diretora do Sindomésticos/Ba, que chorou ao relembrar os abusos sexuais sofridos dos 7 aos 12 anos de idade, crime cometido tanto pelo patrão quanto pelo filho dele.
No caso das domésticas, frisa Milca, a situação é ainda mais grave pela dificuldade de fiscalização das denúncias, por ocorrer em ambiente privado. “Mas hoje os tempos são outros, temos a Lei Maria da Penha e a mulher tem que tirar a mordaça, tem que denunciar”, incentiva.
Consentimento
O tema do Mulher em Debate de junho teve a participação da cineasta Lilih Curi, que exibiu dois filmes da “Tetralogia da Indignação”; da promotora de Justiça Lívia Vaz, coordenadora no MP do Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher e da População LGBT (Gedem); e da pesquisadora Bárbara Ferreira de Freitas, do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (NEIM).
Elas foram unânimes em defender que todo tipo de assédio tem em comum a falta de consentimento na aproximação, o que possibilita a responsabilização civil e criminal. Apesar de muitos casos envolverem dependência econômica e/ou emocional, recomendaram que as vítimas recorram à rede de entidades de proteção para denunciar e inibir a prática.
O debate foi dirigido pela presidente do colegiado de Defesa dos Direitos da Mulher, vereadora Aladilce Souza (PCdoB), que destacou a atuação da bancada feminina na Câmara Municipal; “Apesar de sermos apenas oito num universo de 43 vereadores, temos unido nossas forças para transformar as queixas e denúncias que nos chegam em elementos de nossa atuação em defesa das mulheres”.
As vereadoras Rogéria Santos (PRB), Marcelle Moraes (PV) e Marta Rodrigues (PT) ressaltaram também a importância das mulheres romperem o silêncio e denunciarem os casos de assédio, tanto no trabalho quanto no ambiente doméstico. Marta sugeriu descentralizar as rodas de conversa, levando o debate aos bairros para envolver um número maior de mulheres.
Fonte: Secom/CMS