
Enquanto o governador Jerônimo Rodrigues permanece em silêncio, coube ao prefeito de Camaçari, Luiz Caetano (PT), sair em defesa da montadora chinesa BYD após denúncias de condições análogas à escravidão envolvendo trabalhadores. Durante o anúncio de seu novo secretariado, na segunda-feira (30), Caetano minimizou a gravidade do caso e afirmou que há uma tentativa de desgastar a imagem da empresa.
“Eles passaram a crescer, enquanto os outros estão caindo. É claro que os concorrentes vão pra cima para tentar desgastar”.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) revelou que trabalhadores chineses da BYD foram resgatados em situações degradantes, um episódio que levantou debates sobre a conduta da empresa. Ainda assim, o petista elogiou a resposta da montadora.
“O que tem de errado tem que ser corrigido, e eles já fizeram isso. Graças a Deus foi rápido”.
A declaração chamou atenção por tentar transferir o foco da responsabilidade da empresa para seus supostos rivais no mercado.
A postura do prefeito ocorre em um momento delicado, especialmente para o PT na Bahia, que enfrenta desgaste por escândalos recentes envolvendo parceiros e aliados. A ausência de um posicionamento claro do governador Jerônimo Rodrigues intensifica as críticas, já que o caso expõe não apenas a BYD, mas também a relação entre o poder público e empresas que operam na região. O silêncio do governador, por sua vez, contrasta com a urgência do tema, gerando questionamentos sobre a gestão e a transparência do partido.
Com a repercussão do caso, moradores de Camaçari e lideranças locais esperam respostas mais firmes, tanto do governo estadual quanto do municipal. No entanto, Luiz Caetano escolheu adotar um discurso mais conciliador, ao invés de cobrar mudanças mais severas. Para muitos, isso só reforça a ligação entre o partido e práticas que deveriam ser veementemente combatidas, deixando no ar a pergunta: até onde vai o compromisso das lideranças com os trabalhadores?