
Na tradição católica, a Sexta-feira Santa é dia de silêncio, reflexão e renúncia. É nesse espírito que os fiéis se abstêm da carne, um gesto que vai muito além da dieta: representa o esforço de deixar para trás uma vida focada apenas no prazer e no excesso.
Quanto mais o homem se esquece da sua identidade espiritual, ele se torna realmente uma fera, um animal.
Para a Igreja, essa renúncia é um sinal de purificação, um chamado à transcendência num mundo onde muita gente já perdeu o limite: come demais, bebe demais, vive desregradamente e esquece que foi feito para algo maior. A carne, nesse contexto, simboliza o homem que só vive para o material, que esquece sua alma, que se afunda num cotidiano raso e sem propósito.
“Somos pó e ao pó retornaremos”, lembra a liturgia, mas também lembra que existe uma vida eterna que já começa aqui, na maneira como conduzimos nossos atos e pensamentos.
Não é sobre a carne em si, mas sobre tudo o que ela representa: a luta diária entre o instinto e a consciência, entre o comodismo e a busca por algo maior.