
A recepção hostil ao presidente Lula (PT) durante a 26ª Marcha dos Prefeitos, nesta terça-feira (20), escancarou a insatisfação dos gestores municipais com os rumos do governo federal. Foram pelo menos três momentos de vaias: na entrada, no início do discurso e no encerramento.
A plateia, composta por mais de 14 mil participantes, número quase três vezes maior que os 5.570 municípios brasileiros, mostrou que o desgaste do petismo já não se limita à população em geral, mas chegou de vez aos gabinetes municipais.
Além das vaias, Lula ainda ouviu críticas diretas do presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, que o alertou: “Abra o olho. Vamos votar pautas estruturantes”. Ziulkoski protestou contra a decisão do STF que exige mais transparência nas emendas parlamentares, o que, segundo ele, atrapalha o trabalho político dos prefeitos.
Sem responder às vaias, Lula tentou elogiar Rui Costa, chamado de “o mais bem-sucedido governador da Bahia”, ignorando completamente o desastre da segurança pública, o escândalo dos respiradores em casa de maconha, os atrasos em obras e a queda na popularidade do petista baiano.
Os protestos contra Lula lembram que ele já havia sido vaiado na edição de 2023 do evento. Neste ano, mesmo com falas voltadas à união partidária e acenos a prefeitos de todos os partidos, o clima foi de impaciência e rejeição. O presidente ainda fez um apelo: “Duvido que tenha um prefeito que possa dizer que não foi atendido por causa de partido”, tentando justificar o próprio governo em meio a uma plateia que claramente não comprou o discurso.
Rui Costa, desgastado internamente, virou escudo político no discurso de Lula. Após o escândalo da declaração da primeira-dama Janja na China, e os boatos de que teria partido do baiano o vazamento, o ministro foi defendido como articulador do Planalto.
A fala de Lula, no entanto, só reforça o desespero em sustentar um governo afundado em desconfiança, vaia e rejeição crescente.