
O sargento Adeilton Rodrigues D’Almeida reforçou o pedido por justiça após os depoimentos dos 13 policiais envolvidos na morte do subtenente Alberto Alves dos Santos, de 51 anos. A audiência ocorreu na Vara de Auditoria Militar, em Salvador, nesta quinta-feira (5).
D’Almeida afirmou que, apesar das justificativas dos acusados, espera uma condenação justa para honrar a memória do amigo.
“O que eu peço é que seja feita justiça, principalmente pela morte do meu amigo, uma pessoa honrada, um pai de família, que teve a vida ceifada de forma torpe, sem motivação”, declarou.
O episódio aconteceu em 2022, durante o período eleitoral, enquanto os dois faziam a segurança do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, então candidato ao governo da Bahia. Eles foram surpreendidos por policiais que invadiram a pousada onde estavam hospedados em Itajuípe, supostamente em busca de um foragido conhecido como Buiu.
“A lei não permitia aquele arrombamento, aquele adentramento ao domicílio, porque a lei não ampara eles. Mesmo assim, eles acreditavam que estavam fazendo o certo”, criticou D’Almeida.
Monitoramento e ordens superiores – O caso ganhou contornos ainda mais polêmicos ao ser associado a uma suposta operação de monitoramento orquestrada pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP), à época comandada por Ricardo Mandarino, um juiz federal nomeado diretamente pelo então governador Rui Costa.
Segundo investigações preliminares e informações divulgadas na época, a inteligência da SSP teria monitorado os policiais envolvidos, criando um clima de desconfiança e tensão que culminou na tragédia. De acordo com relatos, a operação para prender o foragido foi tratada como prioridade, mas os policiais que invadiram a pousada afirmaram ter recebido “ordens superiores” para agir sem considerar a legislação vigente.
“Os policiais disseram que eles não têm culpa, uma vez que foram motivados por ordens superiores. Eles acreditavam que estavam cumprindo uma missão legítima”, relatou o sargento.
Clamor por justiça – D’Almeida, que também foi vítima de cinco tiros na ação, acompanha de perto todas as etapas do processo e não esconde sua frustração com as tentativas de distorcer os fatos.
“A gente fica triste em lembrar dessa cena e que um amigo nosso foi morto e, às vezes, ainda tentam macular a imagem dele, dizendo que ele tentou atirar contra a guarnição”, lamentou.
O sargento reafirmou seu compromisso com a memória de Alberto Alves e acredita que a justiça deve prevalecer. Após os depoimentos dos acusados, o próximo passo será a apresentação de alegações finais, com uma decisão do Poder Judiciário aguardada para os próximos meses.