O território Yanomami, uma das maiores áreas indígenas do Brasil, continua enfrentando um grave problema de invasão por meio de voos ilegais, mesmo após um ano de esforços emergenciais para conter a crise humanitária afetando as comunidades locais. De acordo com Humberto Freire de Barros, diretor de Amazônia e Meio Ambiente da Polícia Federal, esses voos ocorrem diariamente, apesar das medidas tomadas. Eles são utilizados para transportar armas e suprimentos para garimpeiros e para extrair ilegalmente ouro e minérios da região.
A situação foi agravada por um incidente em novembro passado, quando garimpeiros divulgaram imagens sobrevoando uma comunidade indígena isolada da TI Yanomami. Esse fato evidencia a persistência dos voos ilegais, que são monitorados e documentados pela Polícia Federal. O diretor da PF, que já testemunhou pessoalmente uma aeronave clandestina na região, ressalta a necessidade de um controle efetivo do espaço aéreo sobre o território.

A Força Aérea Brasileira (FAB) intensificou o controle do espaço aéreo no início do ano passado, mas, aparentemente, não conseguiu coibir completamente essas atividades ilegais. Informações sobre o número de aeronaves interceptadas ou a eficácia das operações ainda são limitadas. O território ainda conta com cerca de 40 pistas de pouso usadas por garimpeiros que não foram desativadas.
O geógrafo Estevão Senra, analista do Instituto Socioambiental (ISA), destaca que, apesar da saída de muitos garimpeiros devido às ações do governo, alguns retornaram ao local, aproveitando-se do enfraquecimento do controle aéreo. A falta de detalhamento sobre as estratégias da FAB e a alegação de que é tecnicamente impossível controlar uma área tão extensa geram questionamentos sobre a eficácia das medidas tomadas.
Essa situação coloca em risco não apenas o meio ambiente e os recursos naturais da Terra Indígena Yanomami, mas também a vida e a cultura dos povos indígenas que ali residem. A continuação dos voos ilegais e a extração de recursos ilícita representam uma séria ameaça à sustentabilidade e soberania dessas comunidades.
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