Suíca descarta crise interna no PT

Diante do baque que sofreu com a crise política nos governos Lula e Dilma e no resultado das eleições municipais em 2016, o Partido dos Trabalhadores  (PT) quer agora virar a página dessa história em busca de mudanças de renovação política e de quadros da legenda que se alinhem ao novo projeto petista.

De acordo com o presidente estadual do partido, Everaldo Anunciação, tempos de mudanças requerem medidas difíceis e o PT aparenta estar pronto, caso precise cortar na própria carne.

Conforme Anunciação, os vereadores da legenda estão ‘liberados’ caso queiram se desfiliar do PT e seguir suas carreiras políticas em outro lugar, o que seria o prenúncio de uma pressão política na tentativa de superar a crise dentro do partido.

“Fidelidade partidária é um principio que não pode permanecer e desrespeitar o partido. Eu acho que tem que ter afinidade. A forma de resolver a política não e por decreto. Aqueles que não estão contemplados com o PT, as portas estão abertas, assim como a gente fez com Carballal e Jotinha (J.Carlos). Nós queremos no PT quem tem compromisso com a sociedade e o  projeto do partido. A gente precisa conversar para ver quem se afina nesse olhar. Claro que tem necessidade de afinamento”, disse o dirigente petista.

Nos bastidores, as declarações de Everaldo geraram uma espécie de indireta aos vereadores Luiz Carlos Suíca e Moises Rocha. Os dois foram punidos pelo partido por desobedecer a ordem da legenda e votarem no democrata Leo Prates durante as eleições para a presidência da Câmara de Municipal de Salvador.

Sobre as declarações, Suíca disse que não encarou as palavras como um recado e que sua relação com Everaldo é a melhor possível. “A minha relação como o Everaldo (Anunciação) é muito boa, a melhor possível. É uma relação de amizade, conheço o Everaldo há muito tempo. Não acho que as declarações tenham sido para mim ou para Moises,  as portas do PT nunca estiveram fechadas, nem para entrar, nem para sair. Isso não se aplica a mim, eu nunca quis sair do partido. Acho que ele está certo, avaliou a conduta e foi direcionada para todos os parlamentares. As portas do PT precisam estar abertas para quem quer sair e para quem quer chegar”, disse o vereador.

Suíca havia afirmado que iria continuar no partido mesmo com as especulações sobre a sua saída e de que teria sido sondado pelas legendas PDT, PSD e PTB, mas aproveitou para fazer criticas ao partido.

Conforme o edil petista, o PT se afastou do dialogo com os movimentos sociais. “Falar do PT é falar é de mim. Eu não errei. Quem conduziu, quem estava na condução das alianças, da forma de fazer política da sigla, foi uma parte do PT, que errou. Quem estava na direção, a nível nacional, estadual. Eu atribuo isso ao afastamento da sigla aos movimentos sociais, foi uma política aplicada por quem dirige. Eu não faço parte da direção, sou um militante, não errei e continuei firme. Eu fiz alianças com os movimentos sociais, o povo, os negros e as negras. O governador fala por ele e eu falo por mim. Não atribuo ao PT por um todo, mas a quem estava na direção, sem ouvir a militância. Decidiu a cúpula e foi desastroso, apesar de que a crise política está em todas as siglas”, disse.

“Eu acho que se a direção quer realmente retomar a discussão pós-movimento, tem que ser com quem não se afastou dos movimentos. É só olhar nas últimas eleições quem não se afastou, quem vestiu vermelho, usou a marca do partido.  As pessoas estão desconfiadas, os movimentos estão desconfiados e não acreditam mais em figuras que estão aí. Por isso a dificuldade de reunir pessoas para fazer o embate contra o golpe, esse governo que está tirando direitos que conquistamos durante os anos. A luta não é só minha, começou antes e eu vou passar o bastão. Eu não estou falando apenas da direção, mas de quem está nos sindicatos, nas comissões, essas pessoas estão ultrapassadas e é preciso mudar. Precisa fazer movimentos nos bairros periféricos. Isso está distante. Se for dessa forma que eles estão pensado, fazer propaganda na televisão, não vai resolver”, finaliza Suíca.

Apesar do ambiente de crise política interna, o PT escolheu o vereador Suíca para ser o seu representante na Câmara  de Salvador. Entre as missões, o petista destaca que vai tentar resgatar o histórico de luta da legenda na capital baiana. Atualmente o partido conta com três cadeiras na casa.