“Temos que continuar consolidando os avanços alcançados por Salvador nos últimos anos”, diz ACM Neto em entrevista ao CORREIO

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O prefeito ACM Neto (DEM), candidato à reeleição, contou sobre o ritmo de campanha eleitoral para um possível segundo mandato e apresentou um balanço do seu primeiro mandato. Neto falou também, entre outros assuntos, sobre planos futuros para geração de empregos em bairros e comunidades da cidade, defendeu o legado de sua gestão, rebateu críticas dos adversários e falou sobre a relação com o governador Rui Costa em entrevista concedida ao CORREIO.

Leia abaixo, na íntegra, a entrevista com ACM Neto concedida ao Jornal CORREIO:  

           

Uma vez reeleito, qual será sua prioridade para Salvador a partir de 1º de janeiro de 2017? 

Por um lado, temos que continuar consolidando os avanços alcançados por Salvador nos últimos anos. Veja que mudanças significativas nas áreas mais importantes da cidade – como saúde, educação, habitação e infraestrutura – exigem políticas de médio e longo prazos. Os resultados são fruto de continuidade. De um lado, o desafio é garantir a consolidação do que conquistamos nessas áreas. Do outro, é claro, trazer novidades. Caso eu seja reeleito, não haverá governo de continuísmo. Provavelmente, farei uma reformulação administrativa.

Com que objetivo?

Nós estamos debatendo hoje, dentro da nossa equipe técnica, o desenho de um plano para geração de empregos. A prefeitura vai apresentar, em caráter emergencial, propostas que possam estimular a economia de Salvador. A ideia é que a cidade possa sair da crise antes das outras capitais.  A base para isso já foi desenhada com o novo PDDU e a nova Louos. Estamos no forno com uma série de medidas para o início do próximo ano, até porque elas serão objeto de um projeto de lei a ser enviado à Câmara de Vereadores, com foco na geração de empregos em áreas populosas que até hoje carecem de uma economia mais pulsante. O cerne da proposta é aproximar o emprego da moradia e desenvolver certas regiões da cidade. Gerar empregos em áreas pobres será prioridade.

Já existe um levantamento sobre quais áreas da capital seriam priorizadas nesse plano?

Basicamente, enxergamos dois eixos. Um é o dos bairros que divisam com a BR-324: Valéria, Águas Claras, Cajazeiras, Pirajá e Retiro. O outro é o do Subúrbio. A ideia é estimular empreendimentos para fomentar esses dois eixos muito populosos, mas carentes de empregabilidade.

Tal iniciativa passa pelo interesse de investidores. Como atraí-los?

Não vou adiantar nada por enquanto. Pretendo lançar em breve esse plano.

Mas dá para adiantar ao menos as linhas gerais?

O fundamental será trabalhar com uma política diferenciada de incentivos fiscais, estimulando a implantação do empreendimento.

São áreas que possuem inúmeras deficiências na infraestrutura. A prefeitura ajudaria também a saná-las?

Existe essa possibilidade, mas entendemos que esse não é o principal problema. Em geral, são áreas que já têm vias de acesso, iluminação e equipamentos públicos. Por outro lado, investimentos do município na infraestrutura podem servir para viabilizar novos empreendimentos.

Nos últimos dias, o senhor e sua equipe comemoraram bastante o avanço de Salvador no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2015, o maior entre as capitais. É possível ultrapassar a meta novamente já no próximo Ideb?

Não tenho dúvidas. Na verdade, esperávamos que, a partir das ações do Programa Combinado, obtivéssemos um bom desempenho, mas nem no meu melhor sonho achava que fôssemos avançar tanto e tão rápido. Trabalhávamos com a expectativa de chegar a 4,2 ou 4,4, no máximo. Estávamos certos de que alcançaríamos os 4,7 em 2018, o que nós conseguimos agora. Essa foi, para mim, a maior vitória da minha gestão. Não há nada que tenhamos comemorado tanto. Todas as escolas municipais melhoraram. O que é difícil encontrar. Isso mostra que não foi uma ação específica ou localizada em certas áreas. É resultado de uma política educacional transformadora, que já se reflete nos números. E vamos avançar muito mais.

Prefeito, ainda há gargalos na educação…

Temos um diagnóstico muito claro de quais são os principais problemas. Primeiro, há um déficit muito grande de vagas na educação infantil. Quando cheguei à prefeitura, existiam apenas 20 mil. Nós dobramos. Em quatro anos, fizemos o mesmo que foi feito nos últimos 80 anos. Mesmo assim, esse déficit continua alto.

Qual o tamanho dele?

Hoje, para as crianças de 0 a 5 anos, contando creche e pré-escola, algo em torno de 80 mil vagas. Nem outro governo inteiro terá como resolver esse déficit. Quem disser que fará isso em quatro anos estará mentindo. É absolutamente inviável.

Essa inviabilidade seria causada por quê?

O caro não é construir creche ou escola. É manter. Para uma criança de 0 a 5, e essa é minha proposta, o fundamental é que o ensino ocorra em tempo integral. Ou seja, cada criança vai custar o dobro do que custa um aluno do ensino fundamental. Às vezes, há até vaga em creche perto da família, mas a criança não é matriculada pela mãe, porque não adianta, não resolve a vida dela. Com só um turno, a criança continuará sem ter quem cuide dela o resto do dia. Isso terá que ser resolvido logo.

Uma das queixas mais exploradas por seus adversários é a de que a rede pública de saúde do município, embora tenha melhorado a estrutura, ainda falta mão de obra para atender os pacientes. Concorda com tal crítica?

Essa é a única crítica que não pode existir. Problemas na saúde existem e não são poucos. Nunca me colocaria aqui na posição de tapar o sol com a peneira. O que precisa ser visto é como estava a saúde pública de Salvador em 2012 e como ela está hoje, o quanto nós avançamos. Críticas sempre são bem-vindas, menos quando se tratam da falta de profissionais. Nós contratamos 3.700 profissionais de saúde. Não houve no Nordeste brasileiro nenhum poder público que tenha contratado tanto para o serviço público nesse período. O orçamento de 2016 é R$ 500 milhões maior na saúde do que o de 2012. Isso significa quase 20% do Orçamento, quando a lei obriga o mínimo de 15%. Podia colocar esse dinheiro em alguma obra, mas optei pela saúde, por entender que nada é mais importante para um gestor do que a vida das pessoas.

Então, as críticas não têm fundamento?

É preciso entender alguns aspectos. Tínhamos a pior cobertura de atenção básica do Brasil, com menos de 18%. Hoje, o índice é de 46%. Mais que dobramos a quantidade de equipes do Programa Saúde da Família. Salvador tinha uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) que não funcionava em Periperi. Agora, são nove. Todas funcionando. Não havia Multicentro. Criamos quatro, que fazem exames e consultas especializadas. A ideia é ampliar. Estamos construindo em bom ritmo o Hospital Municipal. Não há capital do Brasil que, em meio à crise, tenha topado um projeto desse. Mas é claro que tem problemas. Nós avançamos na expansão da rede, só que a demanda é muito grande. Seria preciso que muitos governos antes de mim tivessem andado no mesmo ritmo que andei. Ninguém bate em porta que não está aberta.

Segurança pública cabe ao governo do estado, mas no que a prefeitura pode ajudar?

Investir no social, como fizemos. Recuperando ou construindo quase 200 quadras e campos para os jovens. Ou criando programas que melhoram a qualidade de vida, como o Casa Legal, Primeiro Passo e Morar Melhor. Mas quem tem meios para combater a violência é o governo do estado, que infelizmente não vem fazendo sua parte.

Nesses quase quatro anos de mandato, o que o senhor teria feito diferente?

Faria tudo do mesmo jeito. Não que seja falta de autocrítica. Sei que estou longe de ser perfeito, mas felizmente acerto mais do que erro. Podem chegar na  eleição e criticar. Quem viu o que éramos e o que somos hoje sabe que a propaganda adversária é  guerra política, descolada da realidade que vive.

O que mais lhe incomoda na propaganda dos opositores, a ponto de gerar interpelações judiciais de sua parte?

Apontar problemas em Salvador é fácil, qualquer um pode fazer, eles existem. Nunca disse que vivemos na cidade mágica e encantada. A única coisa que não aceito é ofensa a minha honra. Prezo muito meu nome e minha credibilidade. Crítica administrativa é do jogo.

E chamá-lo de golpista?

Zero incômodo. Isso mostra a pouca consistência dos argumentos do outro lado.

Como está o relacionamento com o governador Rui Costa? Melhorou?

Nunca quis ser antipático com ele, mas ele sempre se esforçou para ser comigo. Sou fácil, quem me conhece sabe. Separo a disputa política do trabalho administrativo, do convívio social. Posso confrontar você politicamente, mas pôr o interesse comum em primeiro lugar e ter uma convivência pessoal leve. A divergência política nunca será superada. Estamos em campos opostos e é bom para a democracia que continue assim. Só não posso pedir que ele seja simpático, sorria, é o jeito dele, diferente do meu. Sou mais relaxado.

Nesse ponto, a convivência com o ex-governador Jaques Wagner era melhor?

Sem dúvida. Wagner, quando havia  solenidade, evento social ou reunião, era bem mais jeitoso no trato. Houve várias demonstrações recíprocas de simpatia. O que acho normal na vida pública. Não precisa levar a disputa política para o pessoal.

Pensa em ser governador ou presidente da República?

Penso em me eleger prefeito de Salvador em outubro, se Deus quiser e ajudar. É apenas nisso que estou focado.

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Foto: Betto Jr./CORREIO

Sobre Emmanuel

Como me defino? Pernambucano, católico e ANCAP. Sem mais delongas... " Totus Tuus Mariae". "... São os jovens deste século, que na aurora do novo milénio, vivem ainda os tormentos derivados do pecado, do ódio, da violência, do terrorismo e da guerra..." Um adendo: somos dois pernambucanos contra um "não-pernambucano". Rs

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