“Foi a eleição onde mais correu dinheiro”, diz Atanázio Júlio

Após o sucesso nas urnas que resultou em seu retorno à Câmara, o vereador eleito Atanázio Júlio (PSDB) afirma que, ao contrário do que se esperava durante as eleições municipais, as medidas adotadas pela Justiça Eleitoral no pleito deste ano não foram capazes de impedir o abuso de poder econômico nem a corrupção. Para o tucano, essa “foi a eleição onde mais se correu dinheiro. Pessoas sem o menor nome na cidade, pessoas que eu nem conhecia, de repente tiveram uma votação expressiva. Fruto de boca de urna e de outras coisas mais”. Diante disso, o vereador mostra o exemplo: “eu ganhei uma eleição gastando 18 mil reais do meu bolso, da minha conta corrente, passando para a conta da campanha”. Em entrevista à Tribuna, Atanázio destaca a boa gestão de ACM Neto e aponta a saúde como prioridade para o segundo mandato do prefeito.

Confira abaixo, a íntegra da entrevista:

Como o senhor viu o resultado das eleições deste ano?

Atanázio Júlio – Vi com muita tristeza, com muita decepção, porque eu pensei que com esse clima que está no Brasil de corrupção, de empresários e políticos presos, e a lei proibir o Caixa 2. Eu imaginei que essa seria a eleição do trabalho, do passado e do presente. Ledo engano. Foi a eleição onde mais se correu dinheiro. Pessoas sem o menor nome na cidade, pessoas que eu nem conhecia, de repente tiveram uma votação expressiva. Fruto de boca de urna e de outras coisas mais que eu não provo nem posso estar falando. Eu sei que minha eleição foi a eleição do trabalho. Eu tenho um trabalho social como médico há décadas, e ganhei com a força divina e das pessoas que me conhecem, de meus amigos.

Qual é sua expectativa no retorno à Câmara?

Atanázio Júlio – Vou fazer aquilo que sei: lutar por uma saúde melhor. Como no passado eu fui vereador e lutei a favor do meio ambiente. Sou autor da lei que baniu de Itapagipe as fábricas poluidoras, como Souza Cruz, Chadler e Café Cravo. Foi uma lei de nossa autoria. Vamos continuar nessa linha, a linha da saúde e do meio ambiente.

O que o senhor pretende colocar como prioridade no seu mandato na próxima legislatura?

Atanázio Júlio – Estou formando minha equipe, e vou ouvi-los, vou ouvir meus amigos que têm boas ideias e vou fazer um mandato bem trabalhado com boas ideias, até porque eu sou um vereador eleito somente pelo trabalho. Eu não fui ajudado por políticos, não fui ajudado por nada nem por ninguém. Estou apoiando o prefeito ACM Neto (DEM) e vou continuar apoiando, é um projeto bom para a cidade. Quiçá ele saia governador… Apoiarei, mas minha eleição para vereador foi uma eleição totalmente independente, fruto exclusivamente do meu trabalho.

Como o senhor avalia a gestão do prefeito ACM Neto?

Atanázio Júlio – Uma gestão boa. A cidade melhorou. O soteropolitano voltou a ter sua autoestima, não total, mas bem melhorada. Hoje você vê a Ribeira, você vê uma cidade toda asfaltada. Eu moro em São Thomé de Paripe, que hoje tem uma orla bonita. As ilhas… Você tem uma nova (Avenida) Suburbana, com ciclovias. Então, eu vejo a cidade bem melhor, e espero e acho que ele vai continuar com esse brilhante trabalho.

Qual o principal erro e o principal acerto do prefeito?

Atanázio Júlio – Acertos têm um bocado. Erros, eu estava de fora e não pude detectar erros. Eu fui acompanhando as coisas acontecendo na cidade, como cidadão. E as coisas aconteceram. A cidade melhorou. Só não enxerga quem não quer ver.

Diante de todas as carências da cidade, o que o senhor acha que deve ser colocado como prioridade pelo prefeito nos próximos quatro anos?

Atanázio Júlio – Saúde. Porque eu não admito uma pessoa estar com uma requisição para marcar um (médico) especialista, e passar meses acordando às 4 horas da manhã e não conseguindo. É o tal do sistema. Então, tem que haver um sistema de marcação. Eu acho isso desumano. Melhorou um bocado, mas ainda está muito ruim.

O que dever ser feito para que a população tenha um atendimento eficiente?

Atanázio Júlio – Primeiro, tem que haver mais verba. Para que se contrate mais especialistas. Porque não adianta o sistema melhorar e não ter o especialista. Uma consulta pelo SUS me parece que não passa de 5 reais. A não ser vindo de cima para baixo, aumentando a verba da saúde, não vejo muita saída.

Com as mudanças na legislação eleitoral, como foi sua campanha neste ano, sobretudo no quesito arrecadação?

Atanázio Júlio – Eu não arrecadei, apenas usei dos meus recursos próprios. Eu tinha uma poupança de 18 mil reais, e gastei 18 mil reais na campanha. 18 mil e 67 reais, para ser mais preciso. Isso foi o que eu pude gastar. O restante foi o meu trabalho social, meu corpo a corpo e a procura pelos amigos. Então, eu ganhei uma eleição gastando 18 mil reais do meu bolso, da minha conta corrente, passando para a conta da campanha.

Como o senhor viu a antecipação do processo de escolha do presidente da Câmara?

Atanázio Júlio – Está na época de escolher. Não vai escolher presidente no dia 1º de janeiro. Nem dia 2. As articulações começam logo cedo, portanto está no tempo de cada um pleitear ser presidente, e nós, vereadores eleitos e reeleitos, analisar qual o melhor para a Casa e o melhor para a cidade.

 Foto: Valdemiro Lopes/CMS