
A Polícia Federal encontrou ligações telefônicas entre o presidente Michel Temer (MDB) e o coronel aposentado da PM João Batista Lima Filho – amigo e ex-assessor do emedebista. As chamadas são citadas em relatório da Operação Patmos sobre o celular do coronel. No aparelho também foram encontrados contatos do empresário da JBS Joesley Batista, do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, e do ex-assessor do presidente, Jose Yunes. O período das ligações se deu entre abril de 2016 e 12 de maio de 2017, seis dias antes da Operação Patmos, deflagrada com base na delação da JBS.
De acordo com o documento, 12 conversas telefônicas foram feitas entre Lima e o presidente entre abril de 2016 e maio de 2017. Somente no mês de maio, nas proximidades da Patmos, deflagrada em 18 daquele mês, quatro chamadas foram realizadas. A mais longa delas durou quatro minutos e 45 segundos. Do total, 9 foram ligações que Temer teria feito ao coronel. “Os dados analisados demonstram João Batista Lima Filho como sendo um homem com acesso direto ao presidente Temer, a pessoas importantes ligadas ao Governo, bem como a investigados pela Operação Lava Jato”, diz o escrivão da PF Cláudio Jose de Assis Castro, em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal. Lima ainda tinha, entre seus contatos, os números do ministro da Secretária-geral da Presidência, Moreira Franco, e do ex-assessor do presidente, Jose Yunes, que é delatado tanto pelo doleiro Lúcio Funaro quanto por Joesley Batista por ser suposto operador de propinas do emedebista.
A Polícia Federal destaca, em relatório, que Lima também manteve conversas sobre repasses com duas pessoas desconhecidas. Em uma das trocas de mensagens, datada de abril de 2017, Lima diz: ” Recebeu pouco. Nas minhas contas deveria ter recebido 120 mil. Estão “garfando” o coitado”. Segundo a PF, ‘a conversa aparentemente remete a um pagamento feito a alguém, que teria sido enganado, pois o valor pago deveria ter sido maior’. Em outra conversa, com uma Maria Helena, também não identificada, a PF Lima diz: ” Amiga, nessas condições, ainda tenho esperança de receber as “gorjetas” que você não me deu. Bom domingo! Bom feriado”! A Polícia Federal voltou a intimar João Batista Lima Filho, que não é interrogado desde a deflagração da Patmos, em maio de 2017. Sua defesa tem alegado que o coronel tem problemas de saúde. Os investigadores querem saber, entre outras informações, sobre quem são e a respeito do que se tratam as conversas com desconhecidos.
Investigação. Endereços ligados a Lima foram vasculhados durante a Operação Patmos, em maio. O Ministério Público Federal investiga um suposto repasse de R$ 1 milhão a Lima feito pelo contador Florisvaldo Caetano de Oliveira, a pedido do ex-diretor de Relações Institucionais da J&F, Ricardo Saud, segundo ambos relataram em seus acordos de colaboração com a Procuradoria-Geral da República. Os valores, segundo o delator, tinham como destino a campanha de 2014 do então candidato a vice-presidente Michel Temer, segundo delatores da JBS. Com a palavra, Michel Temer: “O presidente Michel Temer jamais recebeu contribuições não declaradas da JBS”.
Informações extraídas do Tribuna da Bahia On Line