A Polícia Federal deflagrou nesta sexta (27/06/2025) a quarta fase da Operação Overclean na Bahia, com 16 mandados cumpridos em Camaçari, Boquira, Ibipitanga e Paratinga, além do afastamento cautelar de três prefeitos por ordem do STF. Os alvos são suspeitos de desviar emendas parlamentares entre 2021 e 2024, por meio de pagamento de propina e manipulação de licitações, crimes que incluem “organização criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e lavagem de dinheiro”.
O deputado federal Félix Mendonça Júnior (PDT) passou a ser oficialmente investigado na nova etapa. Embora não tenha sido alvo de mandados, teve seu sigilo telefônico quebrado, e um de seus assessores foi afastado por ter sido apontado como “responsável por coordenar os trabalhos da equipe parlamentar”. Mendonça Jr. defende-se dizendo que “minhas emendas sempre foram destinadas aos municípios onde sou votado”, mas a PF quer saber se esse dinheiro foi mesmo para obras ou para bolsos políticos.
Em Paratinga, o ex-prefeito recebeu quase R$ 5 milhões em emendas via PIX no período investigado. Já em Ibipitanga, o município recebeu mais de R$ 10 milhões, quase metade provenientes diretamente de Mendonça Jr. Esses valores reforçam as suspeitas de que emendas foram usadas como moeda de troca para favorecer interesses políticos e encobrir desvios.
O esquema vem desde dezembro de 2024, quando foi identificada movimentação de R$ 1,4 bilhão em contratos suspeitos, muitos ligados ao Dnocs, e em que empresas de fachada e superfaturamento eram utilizados para viabilizar o desvio. Planilhas apreendidas, dinheiro em gavetas, propinas em aviões (como no caso de voos de empresários e políticos baianos que transportavam até R$ 1,5 milhão em espécie), mostram a dimensão da suposta engrenagem criminosa.
A nova fase da Overclean mostra que o suposto esquema seguiu operando sob proteção política. Com prefeitos afastados em três municípios, quebra de sigilo telefônico e investigação aberta contra Mendonça Jr., o governo baiano vive uma crise. Agora, resta saber se os recursos chegarão às obras prometidas ou se irão “sumir” na próxima eleição, como alerta o cidadão.