
A sessão ordinária desta terça-feira (7), que discutiu sobre o Projeto de Lei que revoga concessão de propriedade do espaço onde abriga o Cine Glauber Rocha, na Praça Castro Alves, que serviu de tema de debate na Super-Terca de hoje, marca o empoderamento das mulheres no momento em que o presidente da Casa, vereador Leo Prates (DEM), abriu espaço para que as vereadoras ocupassem a mesa antes do término da sessão nesta terça ao antecipar a homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março.
Pela primeira vez na história da Câmara Municipal de Salvador, as vereadoras comporam a mesa para demonstrar a representatividade feminina no Legislativo.
A vereadora Catia Rodrigues (PHS), acompanhada das demais vereadoras Aladilce Souza (PCdoB), Ana Rita Tavares (PMB), Ireuda Silva (PRB), Lorena Brandão (PSC), Marcelle Moraes (PV), Marta Rodrigues (PT) e Rogéria Santos (PRB), assumiu a direção dos trabalhos da Casa já antes do final da sessão.

A vereadora Cátia Rodrigues assumiu o protagonismo de ter sido a primeira mulher a presidir os trabalhos durante uma sessão ordinária, mesmo que de forma breve, pois nunca na história do legislativo Municipal uma mulher comandou uma sessão no plenário.
Nesta legislatura, a bancada feminina tem demonstrado poder e conquistado espaço na política, especialmente, no âmbito do legislativo, o que mostra que está será uma das marcas da gestão do atual presidente da Casa, Leo Prates, no comando do legislativo.
Nos discursos das vereadoras, a principal reivindicação foi sobre a participação e a representação justa e adequada do número de mulheres na política, particularmente, no legislativo.
Presidente do Comissão de Direitos da Mulher da Casa, a vereadora Aladilce Souza (PCdoB) alertou para o crescimento dos registros de casos de violência contra as mulheres e cobrou ações por uma sociedade mais igual.
“Apesar do crescimento da representação feminina nesta Casa, ainda é muito pouco. Somos 18% do total de vereadores da Câmara de Salvador, cidade formada em sua maioria por mulheres. Avançamos, mas precisamos de muito mais, inclusive na elaboração de políticas públicas. Mesmo com a Lei Maria da Penha, a realidade da violência tem mudado muito pouco. Precisamos trazer esse debate para a Casa”, afirma Aladilce.
Vice-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e ouvidora-substituta, Cátia Rodrigues (PHS) também alertou sobre a necessidade de combater o machismo e conquistar espaços. “Temos conquistado muito, mas o caminho ainda é muito longo. Precisamos melhorar em vários aspectos. Na representação política e no mercado de trabalho ainda estamos muito aquém do que deveríamos. Mas com a união e a luta pela conscientização, tenho a certeza de que chegaremos lá”, opina.
Presidente do Partido da Mulher Brasileira em Salvador, a ativista da causa animal Ana Rita Tavares aproveitou para saudar “as guerreiras” da cidade. “Nosso desafio é atrair mais mulheres para políticas, porque elas, com a sensibilidade que têm, mostram que possuem condições de trabalhar lado a lado para melhorar as condições de vida da nossa população. Minha saudação especial é para as protetoras de animais, que batalham pelos bichos negligenciados pelos poderes públicos”, disse.
Luta contra o machismo
A vereadora Ireuda Silva (PRB) também acha a atual representação feminina na Câmara de Salvador muito tímida. A legisladora defende uma intensa luta contra a cultura machista: “Também é muito importante que os homens sejam acometidos pela sensibilidade feminina e que, enfim, abram espaço para as mulheres no poder”.
Otimista, a vereadora Lorena Brandão (PSC) vê como “positiva” a composição da Comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres. “Sem nenhum homem, né? Estou muito esperançosa que esse colegiado seja muito efetivo, participativo, e que traga projetos importantes para a cidade”, pontua.
Defensora das causas animal e ambiental, a vereadora Marcelle Moraes (PV) também parabenizou as protetoras de animais, que, segundo ela, são exemplos de força, dedicação e amor. “Ser uma protetora de animais é um dom de Deus. Mulheres ativistas da causa animal vieram ao mundo com uma missão de vida, que é cuidar dos nossos anjos de quatro patas e espalhar lição de vida e compaixão para o mundo”, afirma.
A vereadora Marta Rodrigues (PT) chamou a atenção para as reformas Trabalhista e da Previdência. Para a legisladora, os projetos que tramitam no Congresso Nacional sobrecarregam ainda mais o público feminino. “Querem tratar como iguais as mulheres que historicamente foram tratadas de forma desigual. Não é possível isso. Precisamos nos mobilizar para evitar que percamos os direitos que foram conquistados a duras penas”, afirma.
Resgatar a dignidade de mães de família e vítimas da sociedade machista é uma missão que, segundo a vereadora Rogéria Santos (PSC), deve ser abraçada por todos os cidadãos. “Talvez as dificuldades que iremos enfrentar sejam bem menores do que as que foram enfrentadas pelas mulheres que lutaram pelos nossos direitos. Mas, no longo caminho que temos pela frente, precisaremos de muito trabalho e dedicação por uma sociedade mais igual”, finaliza.
Rafael Santana com informações da Secom/CMS