
Defensora do parto humanizado, a vereadora Rogéria Santos (PRB) apresentou na Câmara Municipal o Projeto de Indicação nº 663/17, sugerindo à Presidência da República, de forma urgente, regulamentar o exercício e profissão da doula no Brasil. Ela explica que ter um acompanhamento qualificado, antes, durante e após o parto, é de fundamental importância para a tranquilidade da parturiente.
Conforme a vereadora, a essência mater da palavra ‘doula’, originária da Grécia, é “a mulher que serve”, aplicando-se àquelas que, por amor e personalidade, dispendem amparo físico, emocional e psicológico a parturientes. “Tal suporte em recente passado era dado pelas mães, avós, irmãs mais velhas e pessoas de trato rotineiro com tal parturiente, perdurando tal apoio durante as primeiras semanas de vida do bebê, inclusive na ajuda à rotina de dona de casa”, observa Rogéria.
Ela frisa que essa atribuição, com o passar do tempo, foi involuntária e indiretamente repassada à equipe médica (médicos obstetras, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem). “Em que pese cada um desses profissionais no processo de parto serem encarregados de funções diferentes e por ela responderem, um dos cuidados primordiais, principais e inafastáveis com a parturiente e seu bebê é o trato preventivo e corretivo do aspecto físico e emocional, pois o bem-estar da mulher que está para parir, está parindo ou acabou de parir é fator que deve ser prioritariamente observado, mormente, por se considerar que também, neste lindo, porém, árduo e doloroso momento para a mulher, sua dignidade em sua plenitude deve ser respeitada”, pondera.
Aconchego
Rogéria Santos considera que a lacuna deste profissional com perfil específico e habilidade própria, dotado de equilíbrio, inteligência emocional, de aspecto forte, focado e capaz de disseminar e transmitir paz, amor e aconchego à parturiente, na contemporaneidade brasileira, vem sendo preenchida pelas doulas. As acompanhantes já vêm sendo aceitas em muitas unidades hospitalares, justamente pela equipe médica considerar que sua presença poderá fazer com que sentimentos como ansiedade, medo, solidão, dor, fadiga, cansaço sejam amenizados.
Cabe à profissional, enquanto acompanhante de confiança, orientar os pais sobre tudo o que envolve o processo de parto, detalhar os procedimentos, ocorrências e possibilidades, alertar, preparar a mulher antecipada e preventivamente, física e emocionalmente, sobre o que é melhor para o bem-estar dela e do bebê. O papel da doula, como destaca Rogéria, é tornar o momento do parto, em que a mulher sente-se mais vulnerável, o mais prazeroso possível, além de atuar como o elo com a equipe médica.
Pesquisas científicas internacionais citadas pela vereadora apontam que a presença e atuação da profissional diminui em 50% as taxas de cesárea; em 20% a duração do trabalho de parto; em 60% os pedidos de anestesia; em 40% o uso da oxitocina; e em 40% o uso de fórceps.
Rogéria justifica a indicação à Presidência da República pelo fato da Constituição atribuir à União a competência privativa para legislar sobre direito do trabalho, bem como sobre a organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões, temas não cabíveis aos estados e municípios.
Fonte: Secom/CMS