
Na abertura da primeira sessão do exercício de 2018, o Supremo Tribunal Federal reuniu o primeiro escalão do governo Temer e representantes do poder judiciário que usaram a tribuna para rebater as críticas do Partido dos Trabalhadores à justiça. Sem citar nomes, a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia defendeu a prisão de condenados em segunda instância, e defendeu a suprema corte, segundo ela, quando há “flagrante desrespeito à independência do poder judiciário”.
Ao longo do dia, o discurso da ministra teve repercussões entre os petistas que defendem a pré-candidatura de Lula mesmo após a condenação no caso do Tripex, no Guarujá/SP, cujo leilão foi determinado pela justiça da 3ª Vara Federal, comandada por Sérgio Moro. A Lei da Ficha Limpa impede a candidatura mas há a possibilidade da análise dos embargos começar após o período eleitoral, permitindo que Lula concorra ao cargo.
Valter Pomar, dirigente do PT, usou as redes sociais para acusar a justiça de golpe contra a democracia, mas alguns setores do próprio partido acreditam em candidaturas alternativas a de Lula.
Cármen Lúcia disse: “o que é inadmissível e inaceitável é desacatar a Justiça, agravá-la ou agredi-la. Justiça individual fora do direito não é Justiça, senão vingança ou ato de força pessoal”, declara diante de Temer e dos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do Senado, Eunicio Oliveira (MDB-CE).
Durante a sessão do STF, a presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cláudio Lamachia, associou a violência à impunidade no país “vivenciamos uma realidade da violência, crise nas prisões e sentimentos de impunidade”, defendeu também a prisão de parlamentares corruptos com separação entre os poderes: “Justiça é Justiça, política é política” afirmou no discurso. “A força da serenidade há de ser o toque fundamental. A advocacia brasileira sabe e tem consciência das suas responsabilidades”, frisa.
A Procuradora Geral da República, Raquel Dodge foi mais enfática ao se referir à corrupção. Disse que o Ministério Publico deve agir firmemente em nome do direito e também defendeu a prisão de condenados em segunda instância. “O MP tem agido e vai continuar a agir com o propósito de buscar resolutividade, para que a justiça seja bem distribuída, para que haja o cumprimento da sentença criminal após o duplo grau de jurisdição”.
Fonte: Estadão Conteúdo