
O ministro Rogerio Schietti Cruz, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou ontem pedidos de liberdade apresentados pela defesa de Wesley e Joesley Batista, sócios do grupo J&F, presos desde setembro. Nos pedidos, eles buscavam derrubar decisão da Justiça Federal de São Paulo, onde respondem a processo por uso de informação privilegiada no mercado financeiro. Na ordem de prisão, o juiz João Batista Gonçalves considerou haver risco de novos crimes e prejuízo às investigações. Joesley e Wesley são suspeitos de lucrar na compra e venda de ativos da empresa enquanto negociavam acordo de delação premiada.
A defesa alegou que a decisão não apontou nenhum elemento concreto, apenas “presunções hipotéticas” e que os irmãos não eram responsáveis pelas negociações no mercado financeiro.
Em sua decisão, Schietti considerou haver “fundamentação concreta” na ordem de prisão, lembrando que as ações de Wesley e Joesley poderiam ser realizadas à distância, por telefone, por exemplo. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região, de segunda instância, e próprio STJ já haviam negado outros pedidos de prisão.
Depoimento – Apesar de ter preferido não responder às perguntas da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da JBS, o ex-executivo da J&F Ricardo Saud falou sobre a situação que vive e disse que foi preso após falar a verdade. “As palavras do senhor, que eu quero ajudar o país, eu quero, mas a primeira vez que eu sentei para falar a verdade eu fui preso. Já pensou se eu continuar falando? Então eu vou ficar calado”, disse Ricardo Saud, em depoimento na CPMI, ontem após questionamentos sobre comentários que havia feito sobre “querer ajudar o Brasil”.
Em outro momento, Saud voltou também a este assunto. “Uma pessoa que faz cinco ações controladas, com cinco a dez pessoas da PF, vai sentar com a PGR depois e mentir?”, disse. Saud está com o acordo de colaboração premiada suspenso, por decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), e disse em vários momentos que preferia não responder qualquer questionamento feito CPMI da JBS. Explicou que só voltará a colaborar com Justiça quando seus direitos forem restabelecidos.
“Eu queria, não frustrando vossas excelências, lembrar que a suspensão do meu acordo de delação premiada está cautelado e vou permanecer calado seguindo meu direito constitucional.Tão pronto sejam restabelecidos meus direitos, eu voltarei a colaborar com a Justiça”, afirma Saud aos parlamentares. Diante da negativa, senadores e deputados tentaram convencer Saud a falar em sessão fechada, sem a presença da imprensa. Mas Saud repetiu a justificativa. “Eu não me escondo. Quando minhas premissas forem restabelecidas, eu quero falar e muito”, afirma o executivo.
Fonte: G1