
O ministro Alexandre de Moraes decidiu manter Mauro Cid obrigado a acompanhar os interrogatórios dos demais réus, inclusive o de Jair Bolsonaro. Mesmo tendo dito que não tem “nada mais a esclarecer”, o delator da suposta trama golpista foi o primeiro a depor nesta segunda (10), confirmando que houve a elaboração de uma suposta minuta golpista, e que Bolsonaro “enxugou o documento”, mantendo apenas o nome de Moraes como preso.
Cid também contou que militares queriam trocar o comando das Forças para pressionar o presidente a decretar estado de sítio. Sobre os acampamentos, afirmou que Braga Netto era o elo entre Bolsonaro e os manifestantes no QG do Exército, e que o general chegou a entregar verba em “uma sacola de vinho” para bancar a estrutura dos atos.
O tenente-coronel também relatou que o ex-presidente buscava provas de fraude nas urnas, e que reuniões com Delgatti, Zambelli e militares chegaram a ser realizadas no Alvorada e no Ministério da Defesa. Ainda assim, nenhuma irregularidade foi encontrada.
Questionado sobre áudios vazados à imprensa, Cid negou que tenha sido coagido a delatar e afirmou que foi um “desabafo em momento de crise psicológica”. Durante o interrogatório, o ex-ajudante de ordens prestou continência a generais e apertou a mão de Bolsonaro, que ele acusa de ter sido pressionado a dar um golpe para se manter no poder após a derrota em 2022.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, a tentativa de golpe previa decretar estado de defesa e prender autoridades como o próprio Moraes. Cid confirmou tudo, mas garantiu que só “presenciou” os fatos e negou envolvimento direto.